Efemérides

Thursday, January 31, 2008

Le 31 janvier


1884: Nasce Theodor Heuss
Heuss inaugurou a Deutsche Welle

No dia 31 de janeiro de 1884, nasceu em Brackenheim o homem que viria a ser o primeiro presidente da Alemanha Ocidental, Theodor Heuss. Defensor do liberalismo, ele foi um dos idealizadores da Lei Fundamental.
O primeiro presidente da República Federal da Alemanha (a Alemanha Ocidental depois da Segunda Guerra) nasceu no dia 31 de janeiro de 1884, na cidade suábia de Brackenheim, nos arredores de Stuttgart, no sul da Alemanha. Sua pequena cidade, onde trabalhou como jornalista a partir dos 21 anos, o marcou muito.
Ele havia sido contratado pelo teólogo luterano Friedrich Naumann, que em 1918 fundou o Partido Democrata da Alemanha (Deutsche Demokratische Partei – DDP). Em 1924, Heuss ingressou no Reichstag, o Parlamento alemão, onde começou a se destacar principalmente pelos seus pronunciamentos.

Talento como orador

Em 1932, combatia em plenário os nacional-socialistas Göring e Goebbels. O presidente do Reichstag na época, Paul Löbe, lembrou certa vez que, graças a seu talento como orador, Heuss conquistava imediatamente a atenção dos parlamentares assim que começava a falar.
Em 1933, Heuss ajudou a aprovar a lei ampliando os poderes do partido de Hitler. Poucos meses depois, perdeu o mandato. Voltou a escrever para jornais, como Die Hilfe e Frankfurter Zeitung. Mas o ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, esteve sempre no seu encalço e proibiu os periódicos de imprimirem textos redigidos por Heuss, que continuou escrevendo, mas com um pseudônimo.
Depois da guerra, Theodor Heuss retornou à política. Ele liderou a bancada liberal no Conselho Parlamentar e tornou-se o primeiro presidente do Partido Liberal Democrático. Mais tarde, participou ativamente na elaboração da Lei Fundamental da República Federal da Alemanha. Não demorou para que, em 1949, fosse escolhido para a chefia do Estado. Ao ser empossado, contava 65 anos. Incansável, fez diversas viagens pelo país e ao exterior.
No cargo por dez anos

Em 1953, Theodor Heuss inaugurou em Colônia a Deutsche Welle, emissora internacional da Alemanha. Ele permaneceu no cargo de presidente alemão por dez anos, tempo em que conseguiu eliminar no exterior vários preconceitos contra o novo país, recém-erguido depois da guerra.
Os alemães estavam tão satisfeitos com seu presidente que diversos políticos pensaram em mudar a lei para permitir sua eleição pela terceira vez. Heuss recusou, preferindo morar em Stuttgart, longe da vida política (de Bonn), e morreu pouco antes de completar 80 anos, em 1963.

Gábor Halász (rw) © 2008 Deutsche Welle

Wednesday, January 30, 2008

Le 30 janvier
1948 - Assassinat de Gandhi

Né le 2 octobre 1869 à Porbandar (Gujarat) dans un milieu aisé, Mohandas Karamchand Gandhi étudie le droit à Londres avant d'exercer comme avocat à Bombay puis en Afrique du Sud, où il se fait le défenseur des Indiens contre la politique de ségrégation raciale. De retour en Inde, il lance des campagnes antibritanniques, appelant à la désobéissance civile et au boycott selon le principe de la "non-violence active", actes pour lesquels il est plusieurs fois emprisonné. Avocat de l'égalité des droits entre les hommes, dont les intouchables, Gandhi conduit en 1930 la "Marche du sel", campagne contre la taxe sur le sel qui frappe les couches les plus pauvres de la société. Il négocie l'indépendance de l'Inde, proclamée le 15 août 1947, mais ne peut éviter la partition qui crée le Pakistan ni les violences entre hindous et musulmans. Prônant la réconciliation entre les deux communautés, le Mahatma ("Grande âme") est abattu par un hindouiste fanatique le 30 janvier 1948 à Delhi.

1933 - Hitler chancelier en Allemagne

Le 30 janvier 1933, le chef du parti nazi Adolf Hitler est nommé chancelier du Reich par le maréchal Hindenburg, président de la République. Face à la crise qui secoue l'Allemagne, les conservateurs et les milieux d'affaires, à l'origine de cette nomination, misent sur Hitler pour enrayer la menace communiste et redresser l'économie. Ils estiment sans réel danger le parti nazi qui, s'il a remporté les deux scrutins législatifs de 1932, a perdu plus de 4% des voix au second et n'a pas de majorité absolue au Parlement. Arrivé au pouvoir, Hitler va progressivement installer la dictature et préparer l'Allemagne à la guerre.

©Documentation écrite RFI

1948: Assassinato de Mahatma Gandhi
Mahatma Gandhi alguns dias antes de ser morto por um extremista

Em 30 de janeiro de 1948, Mahatma Gandhi foi assassinado por um hinduísta fanático. Durante anos, o líder se empenhara com meios pacíficos para que a Índia se tornasse independente.
"A luz se foi de nossas vidas", declarou o então primeiro-ministro da Índia, Jawaharlal Nehru, em 30 de janeiro de 1948, dirigindo-se pelo rádio à nação que se tornara independente apenas alguns meses antes. O líder Mohandas Karamchand Gandhi, conhecido por Mahatma ("grande alma"), fora assassinado a tiros pelo nacionalista hindu Nathuram Godse. Antigo seguidor de Gandhi, Godse discordava da liberação de recursos financeiros da Índia para o Paquistão, num momento em que os dois jovens países iniciavam sua primeira guerra pela Caxemira.
A morte violenta contribuiu para idealizar ainda mais a figura de Gandhi como "pai na nação". Não há cidade ou povoado na Índia que não tenha um monumento ao homem magro e curvo, portando apenas uma túnica e uma bengala na mão. A questão é se a herança deixada por ele ainda tem algo a ver com a prática política na Índia de hoje.
Na verdade, numa sociedade repleta de conflitos – entre as castas, os grupos religiosos, as etnias, ou simplesmente pobres e ricos –, não há espaço para a idéia da não-violência pregada por Gandhi. Tampouco teve vez a idéia de desenvolvimento que ele defendia, ao estimular o renascimento dos processos artesanais.

Pacifismo x autoritarismo
Gandhi, porém, já era um santo enquanto vivo – e sobre os santos, não se discute. O enorme abismo entre seus ideais e a corrupção dos políticos de hoje leva antes à resignação. O que se esquece facilmente é que o próprio Gandhi era um político com grande senso de poder e muitas vezes até autoritário. Seu engajamento em prol dos párias é reconhecido para além das fronteiras da Índia.
Sendo filho de uma alta casta hindu, Gandhi lutou contra a marginalização dos párias, empenhou-se para que as portas dos templos hinduístas lhes fossem abertas. Chamou a atenção de muitos indianos que gozavam de educação britânica para a vida miserável nos povoados do país e sobretudo das castas mais baixas.
Ao mesmo tempo, porém, ele tendia a idealizar a situação e insistia obstinadamente em sua própria visão. O mais importante político dos párias em sua época, Ambedkar, defendia que os párias tinham outros interesses que os hindus. Eles deveriam, portanto (da mesma forma que os muçulmanos), votar separadamente dos demais eleitores e escolher seus próprios representantes para os parlamentos.
Gandhi, por sua vez, insistia em incluir os párias entre os hindus. Irritou-se de tal forma com as reivindicações de Ambedkar, que ameaçou jejuar até a morte, fazendo com que este cedesse. Era esta a forma pela qual Gandhi se utilizava da "não-violência", e não apenas perante os senhores coloniais.

A herança de Gandhi
Gandhi empenhou-se, como poucos políticos de seu tempo, por uma reconciliação com os muçulmanos. Mas o hinduísmo desempenhou um papel central em sua vida. Suas idéias, seu programa político, tudo é impregnado do vocabulário hinduísta. Grande parte dos muçulmanos não se sentia representado por ele e insistiu na criação de um Estado próprio, o Paquistão.
Mahatma Gandhi não contribuiu apenas para que a Índia se tornasse independente sem muito derramamento de sangue. Muitos de seus pensamentos acerca do abismo entre a cidade e o campo, acerca da solução de conflitos sem o apelo à violência continuam sendo atuais, e não apenas dentro das fronteiras da Índia. Mas, para poder debater a esse respeito, seria preciso poder discutir também a respeito de suas falhas.

Thomas Bärthlein (lk) © 2008 Deutsche Welle

Tuesday, January 29, 2008

Le 29 janvier


1938: Inventado o perlon
Fibras sintéticas são muito usadas na indústria têxtil

No dia 29 de janeiro de 1938, o químico alemão Paul Schlack descobriu os fundamentos químicos para o perlon, fio que significou uma revolução na indústria têxtil.
No dia 29 de janeiro de 1938, o químico alemão Paul Schlack descobriu os fundamentos químicos para o desenvolvimento do perlon, fibra artificial extremamente resistente. Junto com o nylon, fabricado pela Dupont nos Estados Unidos, o perlon significou uma revolução na indústria têxtil.
O invento da fibra sintética resultou de pesquisas de vários anos entre os cientistas. No final, ficaram apenas dois grandes representantes mundiais da indústria química da época: a DuPont, nos Estados Unidos, e a IG Farben, na Alemanha. O objetivo era desenvolver uma fibra tão boa, ou melhor, do que a seda.
O responsável pela descoberta na Alemanha foi o professor Paul Schlack, que pela primeira vez no mundo sintetizou o perlon. Cinco milhões de reichsmark (a moeda alemã da época) foram investidos na pesquisa pela IG Farben, que mais tarde se dissolveu, originando a Bayer, Hoechst, Agfa e Basf.

Nylon, o concorrente

Os norte-americanos foram um pouco mais lentos e gastaram 20 vezes mais na pesquisa. Alguns meses mais tarde, apresentaram uma fibra sintética muito parecida com a desenvolvida por Schlack, que chamaram de nylon. Apesar de serem materiais muito parecidos, sua fabricação envolvia métodos completamente diferentes.
Para não se arruinarem mutuamente, os dois fabricantes trocaram as patentes e assim garantiram cada um a metade dos dois mercados. A primeira utilidade do nylon foi a escova de dente. Mas sensação mesmo foi a meia com o novo material. Já em 1940, a mulher norte-americana podia embelezar suas pernas com o novo produto.
As alemãs ainda tiveram que demonstrar paciência. Em vez de pernas eróticas, tiveram de enfrentar a Segunda Grande Guerra. O perlon e o nylon, por seu lado, encontraram grande utilidade na indústria militar, em pára-quedas e pneus. Com a dissolução da fábrica IG-Farben na Alemanha, depois do final da guerra, a patente de número 748253 caducou, os Estados Unidos colocaram a licença à disposição, e a produção do perlon se espalhou pelo mundo. A família moderna da década de 50 já não podia viver sem a fibra sintética: era a camisa do pai, a meia da mãe ou o vestidinho da menina. E não demorou para que toda a casa fosse revestida com materiais sintéticos, do carpete à almofada.

(rw) © 2008 Deutsche Welle

Monday, January 28, 2008

Le 28 janvier


1998 - Inauguration du Stade de France


Construit à Saint-Denis, près de Paris, en vue de la Coupe du monde de football qu'organise la France en 1998, le Stade de France est inauguré le 28 janvier 1998. Trente mois de travaux ont été nécessaires pour réaliser cette prouesse architecturale qui, avec ses 80.000 places, devient le plus grand stade du pays. Zinedine Zidane est le premier à y marquer un but lors du match inaugural qui voit la victoire de la France sur l'Espagne.

©Documentation écrite RFI




Le 27 janvier


1988 - Décès de l'écrivain malien Massa Makan Diabaté


Né le 12 juin 1938 à Kita, au Mali, Massa Makan Diabaté appartient à l'une des grandes familles de griots du Mandingue. Après des études en Guinée et en France, il occupe divers postes à responsabilité dans l'administration malienne tout en se consacrant à ses activités littéraires. Profondément enraciné dans la culture malinké, il tente à travers ses écrits de transmettre la parole des ancêtres et de maintenir le lien entre passé et présent. Remarqué par son premier ouvrage, "Si le feu s'éteignait" (1967), il publie notamment "Janjon et autres chants populaires du Mali" (1970), qui obtient le Grand prix littéraire de l'Afrique noire, et la trilogie de Kouta, inspirée de la vie quotidienne de sa ville natale. Massa Makan Diabaté meurt le 27 janvier 1988 à Bamako.

©Documentation écrite RFI



1945: Libertação de Auschwitz
Entrada do campo de Auschwitz


A 27 de janeiro de 1945, o Exército Vermelho libertou Auschwitz, o maior e mais terrível campo de extermínio nazista. Em suas câmaras de gás e crematórios, foram mortas pelo menos um milhão de pessoas.
Auschwitz foi o maior e mais terrível campo de extermínio do regime de Hitler. Em suas câmaras de gás e crematórios, foram mortas pelo menos um milhão de pessoas. No auge do Holocausto, em 1944, eram assassinadas seis mil pessoas por dia. Auschwitz tornou-se sinônimo do genocídio contra os judeus, ciganos (sinti e rom) e outros tantos grupos perseguidos pelos nazistas.

As tropas soviéticas chegaram a Auschwitz, hoje Polônia, na tarde de 27 de janeiro de 1945, um sábado. A forte resistência dos soldados alemães causou um saldo de 231 mortos entre os soviéticos. Oito mil prisioneiros foram libertados, a maioria em situação deplorável devido ao martírio que enfrentaram.

"Na chegada ao campo de concentração, um médico e um comandante questionavam a idade e o estado de saúde dos prisioneiros que chegavam", contou Anita Lasker, uma das sobreviventes. Depois disso, as pessoas eram encaminhadas para a esquerda ou para a direita, ou seja, para os aposentos ou direto para o crematório. Quem alegasse qualquer problema estava, na realidade, assinando sua sentença de morte.

Câmaras de gás e crematórios

Prisioneiros no campo de concentração de Buchenwald, no Leste da AlemanhaAuschwitz-Birkenau foi criado em 1940, a cerca de 60 quilômetros da cidade polonesa de Cracóvia. Concebido inicialmente como centro para prisioneiros políticos, o complexo foi ampliado em 1941. Um ano mais tarde, a SS (Schutzstaffel) instituiu as câmaras de gás com o altamente tóxico Zyklon B. Usada em princípio para combater ratos e desinfetar navios, quando em contato com o ar a substância desenvolve gases que matam em questão de minutos. Os corpos eram incinerados em enormes crematórios.

Um dos médicos que decidiam quem iria para a câmara de gás era Josef Mengele. Segundo Lasker, ele se ocupava com pesquisas: "Levavam mulheres para o Bloco 10 em Auschwitz. Lá, elas eram esterilizadas, isto é, se faziam com elas experiências como se costuma fazer com porquinhos da Índia. Além disso, faziam experiências com gêmeos: quase lhes arrancavam a língua, abriam o nariz, coisas deste tipo..."

Trabalhar até cair

Os que sobrevivessem eram obrigados a trabalhos forçados. A empresa IG Farben, por exemplo, abriu um centro de produção em Auschwitz-Monowitz. Em sua volta, instalaram-se outras firmas, como a Krupp. Ali, expectativa de vida dos trabalhadores era de três meses, explica a sobrevivente.

"A cada semana era feita uma triagem", relata a sobrevivente Charlotte Grunow. "As pessoas tinham de ficar paradas durante várias horas diante de seus blocos. Aí chegava Mengele, o médico da SS. Com um simples gesto, ele determinava o fim de uma vida com que não simpatizasse."

Marcha da morte

Grupo de crianças presas em AuschwitzPara apagar os vestígios do Holocausto antes da chegada do Exército Vermelho, a SS implodiu as câmaras de gás em 1944 e evacuou a maioria dos prisioneiros. Charlotte Grunow e Anita Lasker foram levadas para o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde os britânicos as libertaram em abril de 1945. Outros 65 mil que haviam ficado em Auschwitz já podiam ouvir os tiros dos soldados soviéticos quando, a 18 de janeiro, receberam da SS a ordem para a retirada.
"Fomos literalmente escorraçados", lembra Pavel Kohn, de Praga. "Sob os olhos da SS e dos soldados alemães, tivemos de deixar o campo de concentração para marchar dia e noite numa direção desconhecida. Quem não estivesse em condições de continuar caminhando, era executado a tiros", conta. Milhares de corpos ficaram ao longo da rota da morte. Para eles, a libertação chegou muito tarde.

Birgit Görtz (rw) © 2008 Deutsche Welle


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1945: Americanos libertam Dachau
























Le 26 janvier
1788: Austrália torna-se colônia

Em 26 de janeiro de 1788, os britânicos começaram a construir uma colônia penal onde hoje fica Sydney. Os presos foram os primeiros colonos do território, até então habitado por aborígines.
Cada povo tem seus mitos; cada país, sua história. Quase sempre um acontecimento marcante é coroado com a determinação de um dia nacional. A Austrália tem dois destes feriados: um é o 1º de janeiro, Dia da Unidade, quando se tornou Comunidade da Austrália; o outro, marca a chegada não de heróis, mas de criminosos deportados pela Inglaterra.
Em 1770, o explorador inglês James Cook havia desembarcado na ilha, habitada por aborígenes. Em janeiro de 1788, aportaram vários navios na costa sudeste da Austrália, comandados pelo inglês Arthur Phillip, levando 759 criminosos ingleses. Antes, os condenados eram levados para a colônia na América, mas os Estados Unidos haviam proclamado a independência.

Problemas

No dia do desembarque de Phillip, o local da chegada foi batizado de Sydney, em homenagem ao ministro britânico do Interior da época.
Desde o começo, a nova colônia enfrentou uma série de problemas. Como um pequeno grupo de fuzileiros navais poderia controlar tantos apenados naquela imensidão territorial? Até 1852, seu número deveria atingir mais de 150 mil.
Em segundo lugar, como garantir a soberania e explorar um território do tamanho da Austrália, um dos maiores países em extensão do mundo?
Quanto aos nativos, durante 200 anos, os britânicos ignoraram a existência de aborígenes. Seu grande momento chegou com os Jogos Olímpicos do ano 2000. Não só a linda cena de abertura com Cathy Freeman ou sua conquista da medalha de ouro, mas também pelas ameaças dos nativos de prejudicar as competições.
Durante muito tempo, os aborígenes não tinham direitos e estavam sujeitos à discriminação e maus-tratos dos colonizadores. Só em 1967, depois de um plebiscito, eles receberam direitos civis.

Werner Köhne (rw) © 2008 Deutsche Welle

Friday, January 25, 2008

Le 25 janvier

2006 - Victoire du Hamas aux élections législatives palestiniennes

Avec 44,45% des voix, les islamistes du Hamas remportent les élections législatives et 76 sièges sur les 132 que compte le Conseil législatif palestinien, dominé par le Fatah depuis les élections de 1996, les premières organisées dans les territoires palestiniens. Le système électoral complexe et les dissensions internes contribuent à la défaite du Fatah qui, pourtant crédité de 41,43% des voix, n'obtient que 43 sièges. Le 21 février, un des chefs du Hamas, Ismaïl Haniyeh, est chargé de former le gouvernement par Mahmoud Abbas, chef de l'Autorité palestinienne. Cette victoire du mouvement radical palestinien ouvre une période d'incertitude pour les relations avec Israël et la communauté internationale.

©Documentation écrite RFI


1878: Surge a profissão de telefonista

A primeira central telefônica do mundo entrou em funcionamento no dia 25 de janeiro de 1878, em Connecticut nos Estados Unidos, contribuindo para popularizar o uso do telefone.
Com a invenção do aparelho de transmissão da voz, no ano de 1876, Alexander Graham Bell obteve um êxito sensacional. Tanta gente queria ter o chamado telefone, que já não eram mais possíveis ligações individuais entre cada aparelho. Necessitava-se de centrais telefônicas para fazer a conexão correta.
Quando a primeira central telefônica entrou em funcionamento em Connecticut, as conexões eram feitas por rapazes, no outro lado da linha. Mas, já no final do ano, todos eles foram substituídos por moças: surgia assim a profissão da telefonista.
Também na Alemanha, no ano de 1890, foram contratadas moças para o trabalho nas centrais telefônicas, o que se justificou na época da seguinte maneira: "O tom mais alto das cordas vocais femininas é mais compreensível. Além disso, os clientes comportam-se de forma mais amigável ao ouvirem uma voz de mulher ao telefone".

O trabalho das primeiras telefonistas
O diretor do Museu da Comunicação em Frankfurt, Helmut Gold, descreve assim o trabalho das primeiras telefonistas: "No painel à frente da telefonista, havia uma tomada para cada aparelho telefônico instalado. Ela recebia o telefonema e perguntava a quem devia chamar. Ela podia conectar qualquer telefone, enfiando o pino na tomada correspondente. Feito isto, avisava a pessoa sobre a chamada e transferia a ligação".
As condições para a aceitação no emprego eram uma boa formação escolar, fineza de trato e, se possível, conhecimento de idiomas estrangeiros. Além disso, as moças deviam ser jovens e de boa família. O seu treinamento era feito pela empresa dos correios, que detinha o monopólio da telefonia na Alemanha, desde os seus primórdios até a década de 90 do século 20.
Segundo Helmut Gold, o treinamento não passava de uma explicação sobre o funcionamento dos respectivos aparelhos. Era feita também uma série de testes, sendo os mais importantes os de dicção e locução.

Trabalho só para solteiras
O estado civil era controlado de maneira rigorosa. Helmut Gold: "Uma das características especiais do trabalho era que se excluía a possibilidade de casamento. Isso tinha tradição desde os primórdios dos correios".
A questão estava ligada ao rigoroso conceito previdenciário da época. Se a mulher casasse, tivesse filhos e, posteriormente, ocorresse algo com o marido, então o Estado teria de sustentar toda a família, uma vez que a mulher era funcionária pública. Isto não condizia com os conceitos do serviço público daquela época.
Jovem e solteira, a senhorita de voz simpática – eternamente invisível do outro lado da linha telefônica – suscitou muita fantasia entre os clientes do sexo masculino. Por ordem superior, as telefonistas reagiam a todas as propostas de caráter privado com a resposta-padrão: "Está ocupado. Avisarei quando estiver livre".
As telefonistas reagiam de forma bem mais amigável quando o pedido era sério. "Podia-se dizer que se pretendia falar com fulano de tal e não se sabia o número. A telefonista buscava o número e fazia a ligação. Ou se podia também chamar para perguntar a hora certa. As telefonistas tinham um grande relógio à sua frente e davam a informação."

Salário como o das secretárias
Helmut Gold, o diretor do Museu da Comunicação, sabe também quanto ganhavam as telefonistas: "Era o mesmo que em outras profissões, como secretária ou estenotipista. A telefonista recebia um salário mais ou menos igual ao das outras colegas. Não era um salário com o qual se pudesse sustentar uma família e nem era o sentido dele. A remuneração deveria ser suficiente para sustentar as moças solteiras. E, para isto, era suficiente".
O emprego era cobiçado. No final do século 19, só existiam algumas centenas de telefones nas grandes metrópoles alemãs. Mas o número aumentou rapidamente para dezenas de milhares. E o número de telefonistas aumentou na mesma proporção. Em 1897, existiam menos de 4 mil telefonistas na Alemanha. Dez anos depois, já eram mais de 16 mil.
A era das telefonistas terminou com a invenção do telefone de discagem direta e ligação automática. A partir de 1966, as telefonistas alemãs passaram a cuidar exclusivamente de serviços especiais, por exemplo, o de auxílio à lista.

Catrin Möderler (am) © 2008 Deutsche Welle

Thursday, January 24, 2008

Le 24 janvier


1935: Surge a cerveja em lata
Bebidas em lata, um símbolo da sociedade de consumo
Nos Estados Unidos, a cerveja em lata começou a ser produzida no dia 24 de janeiro de 1935. De fácil transporte e descartável, não exigindo caução pelo vasilhame, a nova embalagem logo se impôs entre os americanos.
Antes da introdução do pagamento de depósito para bebidas em embalagens descartáveis, cerca de seis bilhões de bebidas em lata chegaram a ser consumidas anualmente pelos alemães, aumentando a enorme montanha de lixo da sociedade moderna.
Testes provaramm que a embalagem de metal em nada modifica o gosto da bebida e, além disto, a mesma marca de cerveja é mais barata em lata do que em garrafa. Assim, aumentou cada vez mais o número de adeptos da bebida enlatada. O perfil do seu consumidor é claro: ele pensa de forma prática e procura economizar nas suas compras.

Cultura subversiva

Jürgen Kron, autor de um livro sobre cerveja enlatada, afirma: "A cerveja em lata é coisa para as pessoas que têm uma concepção cultural subversiva. A lata é odiada pelos ecologistas e adorada pelas pessoas que ainda têm uma estreita ligação com a própria juventude, com a cultura proletária, com um clube popular de futebol como o Schalke 04, com a rebelião e que sempre tiveram atritos com os pais."
Ele estudou muitos consumidores de cerveja em lata e chegou à conclusão de que, sem a bebida enlatada, seria impensável um dos grandes movimentos socioculturais do século 20: desde o começo, a lata de cerveja foi um dos pilares de sustentação da cultura dos motoqueiros. Ela é leve, pequena, facilmente descartável e não traz o risco de ferimento com cacos de vidro. Nenhuma revolução púbere contra as regras de bom-tom à mesa tem muita graça sem a bebida enlatada.

Forma de protesto

Cultura underground, subversão e literatura – estes conceitos levam diretamente ao autor americano Charles Bukowski: "Tudo na minha mão, que empunha a lata de cerveja, é triste, até mesmo a sujeira debaixo das minhas unhas; esta mão rígida com a mão de uma máquina. Mas não: a pressão mágica com que ela se fecha em torno da lata de cerveja é a mesma que parte das raízes e empurra um gladíolo da terra, em direção à luz e ao sol, e que faz a cerveja fluir para dentro de mim."
Este texto lírico da literatura underground seria impensável sem a invenção do fabricante americano de cerveja George Newman. No dia 24 de janeiro de 1935, ele lançou ao mercado a primeira cerveja enlatada, em Richmond, no Estado de Virginia. Em pouco tempo, a demanda superou as suas previsões mais otimistas. Na Alemanha, a firma Schmalbach-Lubeca produziu a sua primeira cerveja em lata no ano de 1937.
Na época, as latas ainda eram abertas da mesma maneira como as garrafas: arrancando a tampinha de metal com uma chave. Ainda tardaria a invenção da argola (ring pull) que é puxada, abrindo a lata sem uso de ferramenta adicional.

Carola Hossfeld (am) © 2008 Deutsche Welle

Wednesday, January 23, 2008

Le 23 janvier

1978 - Enlèvement du baron Empain à Paris


Le 23 janvier 1978, le baron Edouard-Jean Empain, PDG du groupe Empain-Schneider, est enlevé alors qu'il quitte son domicile parisien. Les ravisseurs, qui demandent une rançon de 80 puis de 40 millions de francs, amputent leur otage d'une phalange de l'auriculaire afin de faire pression sur la famille. Après l'arrestation de l'un des preneurs d'otage lors de la remise de rançon, Edouard-Jean Empain est libéré le 26 mars 1978, au terme de deux mois de séquestration.


1968 - Le navire américain USS Pueblo arraisonné en Corée du Nord


Le 23 janvier 1968, la Corée du Nord arraisonne dans ses eaux territoriales le navire espion américain "USS Pueblo", dont les 82 hommes d'équipage seront retenus pendant onze mois. Les Etats-Unis, prétendant qu'il s'agit d'un navire scientifique chargé d'effectuer des recherches dans les eaux internationales, avaient menacé la Corée du Nord avant de présenter des excuses.


1958 - La dictature renversée au Venezuela


En décembre 1957, Marcos Perez Jimenez, au pouvoir au Venezuela depuis 1953, remporte un plébiscite contrôlé alors que l'opposition se renforce dans tous les secteurs de la société. Le 23 janvier 1958, un soulèvement général renverse le dictateur. Un consensus se fait jour en faveur de la défense de la démocratie. Le 31 octobre 1958, le pacte de Punto Fijo, qui consolide le processus démocratique, est signé entre les partis Action démocratique et Copei, qui vont dominer la vie politique du pays pendant quarante ans.

©Documentation écrite RFI



1918: Desapropriação da Igreja Ortodoxa russa
O patriarca Alexis 2º, líder da Igreja Ortodoxa russa

No dia 23 de janeiro de 1918, Lenin publicou um decreto que rompia com todas as ligações entre a Igreja Ortodoxa e o Estado. Os bens da Igreja foram desapropriados, o ensino de religião foi proibido.
Em 23 de janeiro de 1918, menos de três meses depois da Revolução de Outubro, Lenin publicou o decreto intitulado "Sobre a separação entre a Igreja e o Estado e entre a escola e a Igreja".
Ele foi divulgado exatamente quando se realizava o concílio nacional da Igreja Ortodoxa, com o qual ela pretendia libertar-se da tutela estatal da época czarista, restabelecendo o Patriarcado. O concílio não desejava, naturalmente, uma libertação leiga, que alijasse a Igreja da sociedade, transformando-a em instituição privada. Por isso, protestou contra o decreto de Lenin, mas sem qualquer resultado.
Assim, a Igreja Ortodoxa teve de resignar-se dali em diante com o fato de que só possuía liberdade de culto, enquanto não perturbasse a ordem pública e enquanto os fiéis não deixassem de cumprir seus deveres cívicos. O ensino de religião foi abolido nas escolas públicas; os bolcheviques queriam erigir um sistema estatal ateísta, de acordo com o materialismo dialético. Mas, sobretudo, foram desapropriados os imóveis e terrenos da Igreja, seus templos e prédios – tudo foi incluído no rol do patrimônio popular. Desta maneira, foi retirada da Igreja a base material da sua existência.
Segundo o decreto de Lenin, todas as comunidades religiosas perderam os direitos de pessoa jurídica, não podendo ter propriedades, nem receber qualquer tipo de ajuda estatal. Embora as demais Igrejas também fossem atingidas pelo decreto, elas consideraram justo o corte dos privilégios dos ortodoxos que antes constituíam praticamente uma Igreja estatal. Mas, no fundo, todos os direitos da Igreja foram abolidos.

Conseqüências da privatização da Igreja

O arcebispo Longin, representante permanente do Patriarca de Moscou na Alemanha, descreveu da seguinte maneira as conseqüências dessa privatização da Igreja: "Durante o domínio comunista, as pessoas não podiam demonstrar abertamente que eram integrantes da Igreja. Elas só podiam exercer a sua religiosidade em casa e iam às igrejas apenas em casos muito especiais. Quando ocupavam algum tipo de cargo público, como professor ou em outra função importante na sociedade, não podiam deixar transparecer a sua fé."
Inicialmente, a Igreja pagou também um elevado tributo de sangue: durante a guerra civil, antes que os bolcheviques pudessem constituir a União Soviética em dezembro de 1922, foram assassinados 25 bispos, quase 3000 sacerdotes, cerca de 2000 monges e freiras, assim como 15 mil fiéis, aproximadamente. A fim de evitar tal martírio, o Patriarcado de Moscou declarou-se, muitas vezes, leal ao Estado soviético e conclamou os fiéis a assumirem a mesma posição.
Isso provocou divisões, algumas igrejas ortodoxas russas no exterior distanciaram-se criticamente do Patriarcado de Moscou. Mas, mesmo atitudes de bajulação não livraram a Igreja de uma dura perseguição. Ela só pôde sobreviver, graças à fidelidade das camadas mais simples da população russa.
Como explica o patriarca Alexis 2º de Moscou: "A lealdade à fé ortodoxa é um dos traços mais importantes do caráter nacional do povo russo. Mas a Igreja Ortodoxa jamais teve um caráter chauvinista. A Igreja só pôde respirar aliviada depois que ruiu a hegemonia soviética; desde então, desenvolve-se também um princípio de relação cooperativa entre a Igreja e o Estado na Rússia."

Hajo Goertz (am) © 2008 Deutsche Welle

Tuesday, January 22, 2008

Le 22 janvier

1978 - Décès de Léon-Gontran Damas

Né à Cayenne (Guyane) le 28 mars 1912, Léon-Gontran Damas est l'un des fondateurs avec Aimé Césaire et Léopold Sédar Senghor du mouvement de la négritude. Etudiant à Paris, il anime avec eux le journal "L'Etudiant noir" et se lie aux surréalistes. En 1937, il fait paraître le recueil de poèmes "Pigments", première manifestation littéraire de la négritude, puis l'année suivante "Retour de Guyane", carnet de voyage en forme de pamphlet d'une mission anthropologique. Résistant pendant la Seconde guerre mondiale, il publie un recueil de contes populaires guyanais ("Veillées noires", 1943) et une anthologie de poètes africains et antillais francophones (1947), avant d'être élu député de Guyane de 1948 à 1951. Auteur de recueils de poèmes tels que "Graffiti" (1952), "Black Label" (1956) et "Névralgies" (1966), il s'installe à Washington en 1970 pour y enseigner la littérature négro-africaine. Il y meurt le 22 janvier 1978.

©Documentation écrite RFI


1963: Tratado da amizade franco-alemã
As assinaturas de Adenauer (esq.) e De Gaulle no documento

No dia 22 de janeiro de 1963, o chanceler federal alemão Konrad Adenauer e o presidente francês Charles de Gaulle assinaram, em Paris, o tratado da amizade franco-alemã.

A surpresa foi enorme. Ao retornar a Bonn, o chanceler Konrad Adenauer dirigiu-se aos jornalistas alemães: "Tentamos mostrar aos franceses que também poderíamos ser bons vizinhos, e tentamos mostrar aos franceses que o interesse comum está em que seja criada uma permanente boa relação entre a França e a Alemanha."
Não foi à-toa que o chanceler falou inicialmente de uma tentativa. Desde cedo, os dois países buscaram o caminho da reconciliação definitiva. O presidente Charles de Gaulle, chefe de Estado francês desde 1958, foi sem dúvida quem fomentou este processo.
O chanceler Adenauer tinha uma posição dúbia: ele sabia que estava no final da sua carreira política e desejava deixar aos seus sucessores uma política internacional alemã estável. Mas não se entusiasmava em ter, eventualmente, de afrouxar os laços com os Estados Unidos e a OTAN, por causa da França.

Europa forte e independente dos EUA

Contudo, uma visão comum uniu os dois políticos: uma Europa poderosa deveria atuar no palco da política internacional de forma independente, mas não contra os Estados Unidos. A viagem triunfal de Adenauer à França, em junho de 1962, foi seguida da viagem igualmente bem-sucedida de Charles de Gaulle à Alemanha, em setembro do mesmo ano.
Em Ludwigsburg, o presidente francês dirigiu-se à juventude alemã: "Eu os felicito por serem jovens alemães, isto é, filhos de um grande povo. Sim, um grande povo que, no transcurso da sua história, cometeu às vezes grandes erros. Mas um povo que também deu ao mundo valores espirituais, científicos, artísticos, filosóficos".
Uma semana depois que Paris rechaçou o ingresso da Grã-Bretanha na Comunidade Econômica Européia, eram poucos os que acreditavam num tratado franco-alemão. Mas o chanceler alemão não se deixou convencer do fracasso: "Estamos tratando desta cooperação com a França há anos. E, após a sua visita à Alemanha, o presidente De Gaulle propôs que se aproveitassem estas questões para uma ação conjunta e para uma concepção comum, a fim de criarmos algo permanente e consolidado".

Um preâmbulo antigaullista

O tratado, sem caráter de compromisso, foi aprovado com grande maioria pelo Parlamento Federal alemão, em 16 de maio de 1963. Ele foi complementado, no entanto, com um preâmbulo que poderia ser entendido como uma clara crítica à política gaullista. O chanceler alemão esforçou-se para evitar danos políticos. Da mesma forma como De Gaulle, um ano antes, se dirigira ao povo vizinho em alemão, também Adenauer fez a sua avaliação pessoal da situação no idioma do país vizinho, o francês, afirmando: "Sou da opinião de que o acontecimento mais importante foi a assinatura deste tratado em 22 de janeiro de 1963. Sem este tratado, não há nenhuma união européia. Os métodos podem mudar, mas o mais importante é nunca perder a confiança dos amigos".
Os críticos da época afirmaram que os tratados raramente têm duração e alguns compararam os documentos de Paris com um buquê de rosas, que não dura muito. Adenauer, cuja paixão pessoal era o cultivo de roseiras, teve de responder a isso. Sua resposta foi relembrada pelo seu sucessor Helmut Kohl, na comemoração do 20º aniversário do tratado: "Naturalmente, elas têm a sua época, mas as roseiras são as plantas mais duradouras que possuímos. Elas têm espinhos, aqui e ali, por isso é preciso pegá-las com cuidado, mas resistem a todo o inverno. A amizade entre a França e a Alemanha é como uma roseira, que sempre volta a florescer, que sempre dá botões e resiste inteiramente aos rigores do inverno".

Gérard Foussier (am) © 2008 Deutsche Welle


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Le 21 janvier

1954: Primeiro submarino nuclear
O Nautilus em foto de 1958

Com o nome do legendário veículo da obra de Júlio Verne "20 Mil Léguas Submarinas", o Nautilus foi a primeira embarcação nuclear do mundo. A hesitação inicial por causa dos riscos deste tipo de propulsão foi compensada pelas vantagens tecnológicas, principalmente a grande autonomia.
A necessidade de uma fonte de energia adequada a longas missões navais foi um dos impulsos iniciais à pesquisa nuclear. Sob a direção de Hyman Rickover, os Estados Unidos implementaram o programa de desenvolvimento de um reator naval, no fim dos anos 1940.

O submarino USS Nautilus, desenvolvido pela Electric Boat Division e lançado em 1954, provou as vantagens da propulsão nuclear principalmente para embarcações militares, sendo o primeiro a cruzar por baixo a placa de gelo do Pólo Norte.

Hoje, o Nautilus é uma das principais atrações do Historic Ship Nautilus & Submarine Force Museum, na base naval de Groton (Connecticut). Seus sucessores provam o avanço tecnológico ocorrido nesse campo, na segunda metade do século passado.

Os modernos submarinos atômicos são gigantes de até 150 metros de comprimento e 18 mil toneladas de peso, que se movimentam, silenciosamente, a 35 nós (cerca de 65 km/h). Mergulham até 450 metros de profundidade e podem permanecer durante meses no fundo do mar.

Ameaça e chantagem

Embora o presidente norte-americano Dwigth Eisenhower tivesse feito uma apologia dos "átomos para a paz", diante da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 1953, os submarinos atômicos transformaram-se nos principais instrumentos de ameaça e chantagem durante a Guerra Fria.

"Difíceis de ser localizados e destruídos, eram esconderijos ideais para armas nucleares distribuídas pelos oceanos", explica Gerhard Schmidt, engenheiro nuclear do Instituto Ecológico de Darmstadt.

Segundo a organização ambientalista Greenpeace, de 1955 a 1995, as potências atômicas (Estados Unidos, União Soviética, França, Reino Unido e China) construíram 465 submarinos a propulsão nuclear. Mais da metade desse total é de fabricação soviética.

Lixo atômico

Nas últimas três décadas da Guerra Fria, ocorreram vários acidentes (em parte, jamais esclarecidos), principalmente envolvendo as frotas norte-americana e soviética. Pelo menos quatro submarinos soviéticos e dois norte-americanos, danificados ou afundados de propósito, permanecem no fundo do mar, supostamente impossíveis de ser resgatados.

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), até 1988 as potências atômicas simplesmente abandonavam no fundo do mar o lixo nuclear (reatores e submarinos sucateados).

A AIEA calcula que, entre 1964 e 1986, a Marinha da União Soviética haja lançado 16 mil toneladas de lixo radioativo líquido e 11 mil metros cúbicos de lixo sólido nos mares de Barents e Kara. Em março de 1993, uma comissão do governo russo revelou que, desde 1959, cerca de 80 mil toneladas de lixo atômico, incluindo dois submarinos nucleares da frota do Pacífico, foram afundados no Mar do Japão.

A Rússia, principalmente, não tem recursos financeiros para manter a frota de submarinos atômicos, como ficou evidente no acidente do Kursk, em agosto de 2000.

A Marinha norte-americana, pioneira no desenvolvimento da tecnologia de propulsão nuclear, também já teve diversos acidentes. Segundo um relatório sobre a Submarine Force elaborado por William Arkin e Joshua Handler, entre 1983 e 1987, ocorreram 12 encalhes, 50 colisões, 113 incêndios e 48 inundações em submarinos norte-americanos. Não há, porém, informações confiáveis sobre danos ocorridos nos reatores a bordo.

O Nautilus virou peça de museu e a Guerra Fria acabou em 1989. Pelo acordo de desarmamento Start II, os ex-inimigos no conflito Leste-Oeste comprometeram-se a reduzir seu arsenal atômico. Apesar disso, ainda em 1994 foi construído o Kursk, que, segundo o autor norte-americano Tom Clancy, era "o maior e mais armado submarino de ataque do mundo".

Geraldo Hoffmann © 2008 Deutsche Welle


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Sunday, January 20, 2008

Le 20 janvier


1936: Edward 8º é proclamado rei da Inglaterra

No dia 20 de janeiro de 1936, o príncipe herdeiro Eduardo tornou-se rei Eduardo 8º da Inglaterra, após a morte de seu pai, George 5º. O novo rei permaneceu no trono por apenas 11 meses, quando decidiu abdicar porque o governo britânico não aceitou sua união com a norte-americana Wallis Simpson, uma burguesa divorciada.
O rei George 5º da Inglaterra morreu em 20 de janeiro de 1936, aos 71 anos. Em seguida, sua esposa, a rainha Mary, se ajoelhou na frente do primogênito Edward Albert Christian George Andrew Patrick David, príncipe do País de Gales e conde de Chester, o sucessor natural do trono.

Edward, 42 anos, foi proclamado rei da Inglaterra. Esta, entretanto, era uma responsabilidade que não combinava com seu estilo de vida. Ele apreciava festas e badalação, gostava de sair com os amigos nobres e ricos e circular pela alta sociedade. Apesar disso, ou talvez justamente por esta razão, os súditos o amavam.

"Tanto na época em que fui príncipe do País de Gales quanto mais tarde, quando assumi o trono da Inglaterra, sempre recebi manifestações de carinho dos cidadãos, em todos os lugares por onde passei. Eu sou muito grato por isso", afirmou certa vez Edward 8º.

Ao contrário do povo, a família real e o governo inglês não viam com bons olhos o comportamento do filho mais velho de George 5º. Na festa de sua proclamação, Edward estava acompanhado de uma mulher que jamais poderia estar presente a tão especial e pomposo momento, de acordo com o rigoroso cerimonial real. Mas ela estava lá: era uma burguesa norte-americana. Duas vezes divorciada. Seu nome, Wallis Simpson.

Paixão fulminante

Edward conhecera Wallis numa festa promovida pela amiga Lady Furness. O então príncipe ficou fascinado por aquela mulher elegante e dominante. Ela lhe lembrava uma severa governanta que tivera em sua infância. A paixão foi fulminante.

Wallis agia de forma recatada, embora não fizesse segredo que gostava de usufruir de mordomias e extravagâncias. O ainda marido de Wallis já havia se conformado que sua mulher tinha outro. Seus negócios, aliás, iam de vento em popa com a repercussão do caso.

Tudo haveria continuado assim se Edward não decidisse que Wallis não podia ser apenas sua amante. Ele queria casar com ela e isto foi um escândalo! O governo ameaçou depô-lo. Um rei não podia ficar ao lado de uma mulher com tal passado.

No dia 11 de dezembro de 1936, Edward 8º fez anúncio público de sua abdicação ao trono da Inglaterra, alegando que não poderia ser rei sem a ajuda e o apoio da mulher que amava. Seu irmão, pai da atual rainha Elizabeth, assumiu o trono como George 6º. Edward casou e foi para o exílio em Paris na companhia de Wallis, que em 1937 se tornaria Duquesa de Windsor.

Catrin Möderler (ms) © 2008 Deutsche Welle



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Rainha Elizabeth festeja 50 anos no trono
Como símbolo maior da família real, a rainha Elizabeth 2ª comemora o 50º aniversário de sua subida ao trono. (06.02.2002)

Saturday, January 19, 2008

Le 19 janvier

2007 - Assassinat du journaliste turc arménien Hrant Dink


Journaliste à l'hebdomadaire turc-arménien "Agos" qu'il avait créé, Hrant Dink était devenu la voix la plus connue de la communauté arménienne en Turquie. Menacé depuis des mois par les ultranationalistes turcs pour ses positions sur le génocide arménien, il est abattu à Istanbul le 19 janvier. Son assassin, un jeune nationaliste turc de 17 ans, est arrêté deux jours plus tard.

©Documentation écrite RFI



1943: Nascimento de Janis Joplin
Janis Joplin, a musa da geração hippie


Nascida em 19 de janeiro de 1943 no Texas, Janis Joplin, com sua voz comparada às das maiores cantoras negras de blues, foi a primeira mulher a brilhar no mundo masculino do rock.
Ela tinha apenas 20 anos quando gravou "What good can drinking do", um de seus grandes sucessos. Nascida a 19 de janeiro de 1943, numa cidade conservadora e racista do Texas, Port Arthur, já na infância costumava fugir de casa em busca de um novo estilo de vida em Nova Orleans e na Califórnia.
O sucesso feminino no rock dos anos 60, em geral, era de curta duração. Janis Joplin foi uma das poucas exceções. Com sua voz rouca e eletrizante, tornou-se uma estrela de brilho duradouro.
O encontro com a cantora de blues e folk music Odetta, em 1960, representou o impulso decisivo para sua futura carreira. Seu ídolo, porém, foi Bessie Smith. Como estudante, fez "bicos" trabalhando de garçonete, auxiliar der biblioteca e secretária, mas seu estilo de vida tornou-se cada vez mais desenfreado, incluindo o consumo de álcool e drogas.

Do Texas a São Francisco

Em 1966, Janis Joplin deixou para sempre sua cidade natal e foi para São Francisco, onde fez suas primeiras apresentações com o grupo Big Brother & The Holding Company. Foi com esta banda que também gravou seu álbum de estréia. Explodiu de vez diante de 50 mil pessoas, no festival Monterey Pop, em 1967, o primeiro grande festival ao ar livre da história do rock.
No verão daquele ano, Janis escreveu à sua mãe: "Espero que você ainda se lembre de mim. Desde Monterey, três grandes gravadoras nos querem. Por muito dinheiro. Com a banda Big Brother corre tudo bem. Talvez, um dia eu até me torne uma estrela".

O amor e as drogas

Durante um certo período, a cantora abandonou as drogas, mas continuou bebendo. Apesar de seu grande sucesso – em 1968, lançou seu segundo LP, Cheap Thrills –, ela era marcada por complexos. Suas relações amorosas não passavam de "casos" breves. Na tentativa de fugir de seus problemas pessoais, começou a consumir heroína.
Somente com um novo grupo, o Fult Tilt Boogie Band, pisou novamente terra firme, o que a motivou a largar a heroína. Em compensação, passou a beber ainda mais. Levava sua bebida preferida – Southern Comfort – até para os palcos.

"Salvem seus filhos"

Na primavera de 1969, Janis Joplin apresentou-se pela primeira vez na Europa. Na ocasião, o jornal Melody Maker deu o seguinte conselho às mães: "Prendam seus filhos, Janis vem ai". No ano seguinte, gravou seu último disco, Pearls, com canções clássicas como "Mercedes Benz", "Move over" e "Me and Bobbie McGhee", que se tornaram o distintivo da cantora para as gerações posteriores.
Antes que a produção de Pearls estivesse concluída, Janis Joplin morreu, na madrugada de 3 para 4 de outubro de 1970, de overdose de heroína, no Hotel Landmark, em Los Angeles. Apesar de estar satisfeita com seu trabalho naquele momento, teve uma recaída mortal. Pearls saiu com duas faixas a menos do que o previsto.
Na sua última carta aos pais, Janis havia escrito: "Conheci um homem realmente bom no Rio. Mas tive de voltar para o trabalho. E ele agora se encontra em algum lugar do mundo. Na África, em Marrocos, acredito. Ele foi tão bom comigo, mãe. Ele quer voltar e se casar comigo. Papai, muito obrigada pelos livros que você me deu quando eu era criança. Isso significa muito para mim. Amo vocês. Janis".
Janis Joplin cosnta da lista dos chamados "mortos honoráveis do rock e imortais dos anos 60", ao lado de Jimi Hendrix e Jim Morrison, que fizeram sucesso com a mistura de blues e rock e que morreram todos muito jovens e de overdose. Ela foi a assim chamada "cantora branca de voz negra", que marcou para sempre a história do blues.


Michael Kleff (gh) © 2008 Deutsche Welle

Friday, January 18, 2008

Le 18 janvier


1871: Fundação do Império Alemão
Otto von Bismarck, primeiro chefe de governo do Império

Com a guerra contra a França vencida, o rei Guilherme 1º da Prússia foi proclamado imperador alemão em Paris, em 18 de janeiro de 1871. Bismarck convencera principados e reinos alemães a se unificar num só Estado.
Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes, em Paris. A luz de 32 lustres de prata se multiplica pelo reflexo das paredes ao longo do salão de 73 metros. Flores, laranjeiras e móveis barrocos luxuosos compõem o cenário para centenas de pessoas, vestidas festivamente. Lá estão o rei prussiano e sua corte, muitos príncipes alemães e numerosos militares de alta patente em trajes de gala, decorados com medalhas.
O coral encerra a cerimônia religiosa, encomendada pelos soberanos alemães no palácio real do inimigo já praticamente derrotado. Mas não é a missa em ação de graças que eles celebram. Eles vieram para concretizar um velho sonho alemão. O sonho do Império Alemão, o sonho de ter novamente um imperador. Aos 71 anos, Guilherme 1º, rei da Prússia, é proclamado imperador alemão pelos príncipes presentes.
Na cerimônia cheia de ostentação, o escolhido não se sentia muito confortável. Na véspera, havia escrito:
"Eu assumo um império apenas aparentemente. Não serei mais do que um 'presidente'. Mas se já chegamos até aqui, tenho de carregar esta cruz. Amanhã me despedirei da velha Prússia, à qual sempre estive ligado e sempre estarei. Eu nem consigo expressar como me sinto desesperado."

Papel de Bismarck

Uma pessoa, ao menos, estava mais do que satisfeita. Afinal, o restabelecimento do Império era basicamente obra sua, cujos frutos ele finalmente podia colher após longos anos de trabalho: Otto von Bismarck, primeiro-ministro prussiano e primeiro chanceler (chefe de governo) do Império recém-fundado.
Demorou longos anos até que a colcha de retalhos Alemanha, com seus pequenos principados e reinos, formasse um Estado nacional único, sob liderança da Prússia. O reino de Guilherme 1º e Bismarck travou duas guerras para atingir seu objetivo: em 1866 contra a Áustria e em 1870/71 contra a França.
Através da guerra contra a França, Bismarck conseguiu despertar o entusiasmado espírito nacional que lhe permitiu conquistar a adesão dos principados que ainda resistiam à unificação nacional. No fim de 1870, chegara a hora. A Liga Setentrional Alemã rebatizou-se como Império e, em vez de uma presidência, passaria a ter um imperador. Apenas o rei Ludwig da Baviera hesitava ainda em declarar sua adesão.

Data histórica para Prússia

Na última noite de 1870, o príncipe herdeiro da Prússia e futuro rei Frederico 3º anotou em seu diário:
"O imperador declarou não desejar fazer qualquer manifestação amanhã, porque a Baviera ainda não aderiu. Por outro lado, Delbrück comunicou que, hoje à noite, já estarão impressas em Berlim a nova Constituição Imperial, que entrará em vigor amanhã, proclamando o imperador e o Império. Bismarck, que eu encontrei na cama e cujo quarto mais parece um verdadeiro depósito de tralha, afirmou que não se pode pretender uma inauguração sem a adesão da Baviera. Eu pedi a ele, então, que tivesse em vista a histórica data de 18 de janeiro, com o que ele pareceu concordar."
De fato, não teria havido dia melhor para encenar o novo capítulo da história nacional, pois o 18 de janeiro é dia santo para os prussianos. Neste dia, 170 anos antes, em 1701, o príncipe eleitor de Brandemburgo fora coroado como o primeiro rei da Prússia. Desde então, a data era lembrada todos os anos.
E a encenação foi bem-sucedida. Embora o Império já existisse formal e juridicamente há algumas semanas, a proclamação festiva de Guilherme 1º em Paris como imperador entrou para os livros de história como a data de fundação do Império Alemão.

Rachel Gessa (mw) © 2008 Deutsche Welle

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Thursday, January 17, 2008

Le 17 janvier

2006 - Loi sur les ONG en Russie

La loi visant à contrôler strictement l'activité des organisations non gouvernementales (ONG) travaillant sur le sol russe est promulguée le 17 janvier 2006. Ce texte prévoit la création d'une nouvelle agence chargée d'enregistrer ces organisations et de surveiller étroitement leur financement et leurs activités. Directement responsable devant le gouvernement, elle pourra décider si les ONG contrôlées sont une menace pour "la souveraineté de la Russie, l'indépendance, l'intégrité territoriale, l'unité et l'originalité nationales, l'héritage culturel ou les intérêts nationaux". Depuis les révolutions en Géorgie et en Ukraine, les ONG sont soupçonnées par le Kremlin, qui veut se prémunir de toute ingérence extérieure, d'avoir soutenu et financé ces changements de régime, notamment avec des fonds américains.

2003 - Inauguration du tunnel frontalier du Somport

Le tunnel routier du Somport, qui traverse les Pyrénées d'Aquitaine en Aragon, est inauguré le 17 janvier 2003 après quinze ans de controverse. Dès son lancement, le projet avait suscité une très vive opposition, en raison notamment de ses conséquences pour l'environnement dans la vallée d'Aspe. Long de 8,6 km, dont près de six en Espagne, le Somport est le troisième grand tunnel frontalier français après ceux du Fréjus et du Mont-Blanc. D'un coût de 255 millions d'euros, partagé entre la France, l'Espagne et l'Union européenne, il doit désenclaver la région de part et d'autre de la frontière et devenir un des grands axes de circulation européens.

©Documentation écrite RFI



1991: Começa "Tormenta no Deserto"

Aviões A C-130 sobrevoam poços de petróleo incendiados no Kuwait em 1991


No dia 17 de janeiro de 1991, soldados de 31 países aliados iniciaram uma ofensiva contra o Iraque em represália à invasão iraquiana no Kuwait, em 2 de agosto do ano anterior.
"Há duas horas, os aviões dos aliados iniciaram um ataque contra alvos militares no Iraque e no Kuwait. Enquanto falo aqui, os bombardeios prosseguem. Este conflito iniciou-se no dia 2 de agosto, quando o ditador do Iraque atacou seu pequeno vizinho indefeso."
Desta maneira, o então presidente dos Estados Unidos, George Bush, comunicou aos norte-americanos o início dos bombardeios, duas horas depois do começo da "Operação Tormenta no Deserto". O presidente iraquiano, Saddam Hussein, invadiu o Kuwait em agosto de 1990 e pouco tempo depois proclamou o emirado província iraquiana. O motivo do ataque foram dívidas de Bagdá no valor de 80 bilhões de marcos, criadas durante a guerra com o Irã. Os principais credores eram o Kuwait e os Emirados Árabes Unidos.
A economia iraquiana estava muito enfraquecida devido aos altos gastos militares durante a primeira Guerra do Golfo. Além disso, os jovens soldados iraquianos não conseguiam emprego. Saddam exigia que os dois credores diminuíssem a quantidade de petróleo explorado, para que o Iraque pudesse vender mais. Como os dois países se negassem a aceitar a exigência, o ditador em Bagdá viu na invasão a possibilidade de fortalecer seu poder na região.

Arrogância

Saddam Hussein menosprezou a reação internacional. Em vista do importante papel estratégico da região, os Estados Unidos não aceitaram mudanças nas relações de poder. O Conselho de Segurança das Nações Unidas chegou a exigir ainda a 2 de agosto a retirada imediata e incondicional dos iraquianos do Kuwait e, quatro dias mais tarde, impôs um embargo militar e financeiro contra Bagdá.
Seis dias após o ataque iraquiano ao Kuwait, o presidente George Bush mobilizou, contra a vontade de seu secretário de Estado – James Baker –, 400 mil soldados para defender a Arábia Saudita. Em pouco tempo, formou-se um bloco antiiraquiano de cerca de 30 países, que ia desde os aliados ocidentais até a Síria e o Egito.
Vendo-se isolado, o ditador iraquiano começou a jogar o jogo dos palestinos, que aceitaram o apoio de bom grado. Seguiu-se uma conferência do Oriente Médio, em que Hussein condicionou a saída iraquiana do Kuwait à retirada israelense dos territórios palestinos ocupados. A sugestão foi rejeitada pelos Estados Unidos, enquanto Saddam ameaçou com a destruição de todos os campos de exploração de petróleo.
O último prazo para a resolução diplomática do conflito expirou no fracassado encontro entre Baker e seu colega iraquiano Tariq Aziz, no dia 9 de janeiro de 1991, em Genebra. Hussein, por seu lado, deixou expirar o ultimato à meia-noite de 15 de janeiro, confiando na predisposição de 10 mil homens de se sacrificarem pela pátria.
Em 17 de janeiro de 1991, então, Bush ordenou o início da operação ao general Norman Schwarzkopf. Os aviões das tropas aliadas voaram mais de 1.300 missões nas primeiras 14 horas da operação. Os bombardeios arrasaram os complexos militares e industriais do Iraque. Hussein tentou demonstrar indiferença. Parecendo não estar intimidado, nem ordenou que fossem apagadas as luzes de Bagdá na primeira noite dos ataques. Pelo contrário, proclamou o início da "mãe de todas as batalhas" e ordenou bombardeios contra Israel.

Catástrofe ecológica

Apesar da morte de 13 israelenses, Ytzhak Rabin desistiu da retaliação e seguiu a estratégia ocidental. Depois de uma ofensiva terrestre, Saddam Hussein se rendeu em 28 de fevereiro de 1991 e assinou um acordo unilateral de cessar-fogo. Antes, ainda mandou incendiar 700 poços de petróleo no Kuwait, provocando uma catástrofe ecológica sem precedentes. O fogo demorou oito meses para ser apagado.
O saldo de mortos nunca ficou claro: entre 85 mil e 250 mil soldados do Iraque, entre 40 mil e 180 mil civis iraquianos, entre 4 mil e 7 mil kuwaitianos e aparentemente 343 soldados aliados.

Frank Gerstenberg (rw) © 2008 Deutsche Welle

Wednesday, January 16, 2008

Le 16 janvier


1957: Morre Arturo Toscanini
O maestro Arturo Toscanini, Nova York, 1939

Grande mestre da música, regeu por mais de 40 anos. Elogiado por sua genialidade e respeitado como poucos, mas nunca satisfeito consigo mesmo: Arturo Toscanini, falecido em 16 de janeiro de 1957.

"Toscanini tinha uma obsessão que acabou sendo trágica, pois deixou de reger aos 87 anos, sem jamais ter se contentado com o resultado de uma sequer de suas apresentações." A afirmação é de Friedelind Wagner, uma neta de Richard Wagner que bem conheceu o trabalho do grande maestro italiano. Sua avó, Cosima Wagner, a viúva do compositor alemão, nomeou Arturo Toscanini diretor musical do Festival de Bayreuth em 1931.
Poucos tiveram uma carreira como a sua: diretor do Scala de Milão, regente nas principais salas de concertos do mundo, como a Metropolitan Opera de Nova York e o Festival de Salzburgo, diretor da Filarmônica de Nova York, famoso e temido por sua impiedosa precisão.
Sua carreira como maestro começou por acaso e no Brasil. Em 1885, aos 19 anos, ele participava de uma turnê como violoncelista, quando o dirigente abandonou a orquestra no Rio de Janeiro.
Toscanini assumiu a batuta e teve grande sucesso. Consta que ele nem precisou de partitura para reger a obra, o que continuou fazendo a vida inteira, tal era a sua memória musical. Ele conhecia as peças nota por nota, percebendo todo e qualquer erro, por mínimo que fosse. Exigente por natureza, não havia músico que satisfizesse o alto padrão por ele imposto.

A busca do fogo e da perfeição

Friedelind Wagner assistiu a um ensaio de Fidelio em Salzburgo, com a participação da cantora Lotte Lehmann. Segundo conta, todos haviam trabalhado horas seguidas e não havia como satisfazer Arturo Toscanini. Em seu desespero, Lotte Lehmann foi conversar com ele. "Mas mestre, por que a interpretação não é do seu agrado?" Ele só respondeu: "Manca il fuoco!" – falta fogo. Ou seja, ele esperava dos músicos e cantores, após cinco horas de ensaio, ou mesmo que fossem 24 horas, o mesmo 'fogo' que punha em seu trabalho e exigia de si mesmo", lembra a neta de Richard Wagner.
Nascido em 25 de março de 1867 em Parma, Arturo Toscanini conseguiu estabelecer uma ligação entre os séculos 19 e 20, entre a era do romantismo e a contemporânea. Manteve contato e trabalhou com os principais compositores do final do século 19, com Verdi, Respighi e Puccini.
O disco, o novo instrumento de difusão da música, deve ao maestro Arturo Toscanini as primeiras gravações orquestrais de qualidade. Friedelind Wagner: "Teve peças musicais que ele gravou 10 ou 20 vezes e que nunca saíram sob a forma de disco, porque algum detalhe mínimo não lhe agradava. Era quando o maestro interrompia a gravação, batia com a mão na testa e dizia – 'mas eu sou um idiota!'. Ele nunca esteve satisfeito consigo mesmo".

Horowitz – um dos poucos músicos que respeitava

A exatidão insuperável de Arturo Toscanini tornou suas interpretações especialmente dinâmicas e transparentes, momentos áureos da história dos concertos, mesmo que o resultado nunca tenha atingido a perfeição que ele tanto buscava. Pouquíssimos músicos compraziam seu alto padrão artístico. Um deles foi seu genro, o pianista Vladimir Horowitz. Com os outros dirigentes, não tinha complacência.
Friedelind Wagner relembra: "Certa vez, Toscanini estava em Nova York, escutando música no rádio e os apresentadores anunciavam: o Dr. Kousewitzky rege isso e aquilo, agora o Dr. Rodjensky regerá tal concerto, e depois o Dr. Stokowsky vai reger não-sei-o-quê... Toscanini balançou a cabeça e disse – 'todos doutores, mas nenhum maestro!'"
Sua posição frente à vida era tão incondicional como em relação a seu trabalho. Quando os fascistas assumiram o poder, Toscanini virou as costas à Europa para sempre. Os simpatizantes do regime italiano foram por ele punidos com desprezo perpétuo. Quando faleceu, em 16 de janeiro de 1957, aos 90 anos, em Nova York, o violinista Samuel Antek disse: "Tocar sob a batuta de Toscanini desperta o orgulho de ser músico!"

Neusa Soliz © 2008 Deutsche Welle

Tuesday, January 15, 2008

Le 15 janvier

2006 - Michelle Bachelet élue présidente au Chili


Le 15 janvier 2006, la socialiste Michelle Bachelet est élue présidente de la République chilienne au second tour avec 53,5% des voix, contre 46,5% pour son rival de droite Sebastian Pinera. Elle prend ses fonctions le 11 mars 2006 pour quatre ans non renouvelables. C'est la première fois qu'une femme est élue à ce poste. Médecin pédiatre de 54 ans, elle est la candidate de la Concertation démocratique, coalition regroupant le Parti socialiste, les radicaux et les démocrates-chrétiens, et s'inscrit dans la continuité de son prédécesseur Ricardo Lagos, dont elle fut ministre. De lointaine origine française, militante socialiste au moment du coup d'Etat d'Augusto Pinochet en 1973, Michelle Bachelet est emprisonnée et torturée avant de s'exiler avec sa mère. Son père, officier dans l'armée chilienne, sera assassiné pour sa fidélité à Allende.


1998 - La ville de Vukovar passe sous souveraineté croate

Vukovar, ville de Slavonie orientale (Croatie) frontalière de la Serbie, était sous administration temporaire des Nations unies depuis la fin de la guerre et les accords de Dayton, en novembre 1995. En première ligne lors du conflit serbo-croate, elle était tombée aux mains des forces serbes le 18 novembre 1991. Détruite par 87 jours de siège, vidée de ses habitants croates, Vukovar avait été le théâtre des premiers massacres de grande envergure des guerres yougoslaves. Deux ans après la fin de la guerre, le 15 janvier 1998, selon les termes des accords d'Erdut, la Croatie rétablit son autorité sur la Slavonie et Vukovar, recouvrant ainsi sa souveraineté sur la totalité de son territoire. Si les civils croates sont progressivement rentrés, la ville reste encore divisée entre les deux communautés.

©Documentation écrite RFI



1776: Selado "empréstimo" de mercenários alemães à coroa britânica
Frederico, o Grande, repudiou o envio de soldados alemães às colônias britânicas

No dia 15 de janeiro de 1776, Frederico 2º de Hessen-Kassel comprometeu-se com o rei britânico George 3º a emprestar 17 mil mercenários para reprimir a rebelião nos EUA.
"Confesso que não consigo pensar na atual guerra na América sem ser incomodado pela lembrança da ganância de alguns nobres alemães, que sacrificam tropas alemãs por uma causa que nem lhes diz respeito. Tomo a liberdade de destacar que, se fosse o caso das tropas alugadas ao Reino Unido terem que passar pelo meu território, não deixaria..."
Estas foram as palavras do rei prussiano Frederico, o Grande, em carta a seu sobrinho, marquês de Ansbach-Bayreuth. Com a palavra "ganância" referia-se ao landgrave de Hessen-Kassel, que como ele também se chamava Frederico 2º.

Alemães recrutados à força

No dia 15 de janeiro de 1776, este selou um acordo com o rei inglês George 3º, concedendo 17 mil mercenários à coroa britânica para reprimir a rebelião nas colônias norte-americanas. Os homens com mais de 18 anos foram recrutados à força e levados para Kassel. De lá, seguiam para Karlshafen, onde apanhavam um navio a Bremen e continuavam viagem a Nova York. "Ab nach Kassel" (Embora pra Kassel!) era um chavão na época.
Uma forte crítica à venda de soldados alemães foi feita por Friedrich Schiller, no drama Intriga e Amor, de 1783. Muitos outros foram contra a falta de moral deste tipo de "empréstimo de escravos", que só serviu ao enriquecimento do landgrave (título de nobreza que existiu até 1806, e correspondia a conde ou príncipe alemão de certa jurisdição territorial).
Como a pequena e pobre região de Hessen dispunha de um grande contingente militar, soldados havia o suficiente. O dinheiro recebido foi usado para embelezar a cidade de Kassel e construir suntuosas residências. A riqueza atraiu investidores, como o ainda desconhecido Banco Rothschild, que deve sua ascensão mundial aos famosos táleres deste episódio.
Os próprios ingleses não estavam convencidos da eficiência dos soldados alemães na América distante. Apesar disso, 12 mil deles ficaram no Novo Mundo, mesmo depois do final do conflito.

Ewald Rose © 2008 Deutsche Welle

Monday, January 14, 2008

Le 14 janvier




2007 - Décès de l'abbé Diamacoune, chef du mouvement indépendantiste en Casamance




Né le 4 avril 1928 à Senghalène, le prêtre Augustin Diamacoune Senghor ne cessera de lutter pour l'indépendance de la Casamance, ancienne colonie portugaise rattachée en 1888 au Sénégal. Figure charismatique et leader historique du MFDC (Mouvement des forces démocratiques de Casamance), il connaît la prison pour son engagement en 1982. Après vingt ans de conflit avec Dakar, l'abbé Diamacoune signe en décembre 2004 un accord de paix qu'une partie du MFDC ne reconnaît pas. Sa disparition, le 14 janvier 2007 à Paris, ouvre une période d'incertitude pour le processus de paix en Casamance.

©Documentation écrite RFI




1860: Siemens termina cabo submarino entre Egito e Índia
Werner von Siemens foi o responsável pela colocação do cabo submarino




No dia 14 de janeiro de 1860, o empresário alemão Werner von Siemens encerrou a colocação do cabo submarino entre o Egito e a Índia.

A transmissão de informações, em meados do século 19, era um exercício de paciência. Uma carta remetida de Londres, por exemplo, demorava 30 dias para chegar a Calcutá. Essa situação, porém, foi revolucionada pela telegrafia.
Críticos previam a falência da Newall e Cia. – empresa responsável pelo projeto. O cabo submarino entre a Inglaterra e os Estados Unidos acabara de ter um colapso, após o envio de apenas alguns telegramas. Segundo especialistas, a pressão da água nas profundezas do mar, com o tempo, rompia o material de isolamento usado nas linhas telegráficas.

Precursor da Siemens


A Newall, porém, ignorou os argumentos dos pessimistas, convicta de que estava embarcando num negócio lucrativo. O emergente comércio mundial exigia informações rápidas. A obra foi acompanha pelo maior especialista em telegrafia da época, o engenheiro Werner von Siemens (1816-1892), um dos precursores da Siemens. O inventor do telégrafo de ponteiro (quadrante) deveria supervisionar a instalação do cabo e testar seus equipamentos.
Segundo Wolfgang Wengel, do Museu da Comunicação de Berlim, os operários ingleses zombavam do antipático Siemens, dizendo que o projeto era uma "asneira científica". O cabo submarino foi estendido com incrível precisão e rapidez, mas o primeiro trecho através do Mar Vermelho teve problemas iniciais de operação. Depois de descobrir e eliminar o defeito, Werner von Siemens entregou a supervisão final ao amigo William Meyer. O arquivo histórico da Siemens, em Munique, não registra uma data exata para a conclusão dos trabalhos, mencionando janeiro/fevereiro de 1860 como referência.
Naquela época, telegrafar era um privilégio de grandes empresários e dos governos. A Newall, no entanto, não lucrou muito com o cabo índico. Segundo Wengel, a ligação funcionou satisfatoriamente durante apenas cinco anos. Depois de sofrer as primeiras grandes danificações, o cabo foi abandonado. Era impossível arrancá-lo do fundo do mar, devido ao peso das colônias de corais presas a ele.

Telefonia e cabo ótico


O megaprojeto seguinte foi o cabo telegráfico estendido em 1870, entre a Índia e a Europa – quase exclusivamente em terra firme. Com ele, o tempo de transmissão de uma mensagem entre Londres e Calcutá foi reduzido para apenas alguns minutos. No século 20, porém, a telegrafia foi sendo substituída pela telefonia.
Desde a ascensão da Internet e a liberalização do mercado mundial das telecomunicações, no final do século passado, os antigos cabos submarinos de cobre passaram a ser substituídos por uma nova tecnologia: a fibra ótica.

Ralf Geissler (gh) © 2008 Deutsche Welle




Le 13 janvier



1953: Farsa da conspiração de médicos em Moscou
Josef Stalin em foto de fevereiro de 1950


"Prisão de médicos sabotadores". Essa foi a manchete publicada em letras garrafais pelo "Pravda", jornal oficial do Partido Comunista, em 13 de janeiro de 1953. Professores de Medicina do hospital estatal do Kremlin foram acusados de "encurtar a vida de personalidades públicas da União Soviética, através de tratamento incorreto e sabotagem médica".

Segundo a historiadora Jutta Petersdorf, do Instituto do Leste Europeu da Universidade Livre de Berlim, a notícia do Pravda baseava-se num relatório do serviço secreto da URSS, a KGB. "Os médicos do famoso hospital do Kremlin, de repente, foram transformados em delinqüentes, pessoas agressivas, inimigas da URSS e de Stalin pessoalmente. Entre os acusados, encontravam-se alguns russos, mas a maioria deles eram judeus", diz Petersdorf.
O líder soviético Josef Stalin não era o único que odiava os judeus. Existia também um secular anti-semitismo latente na população. Por isso, segundo Jutta Petersdorf, não foi difícil para Stalin usar os antiqüíssimos preconceitos como instrumento de repressão.
Onda de repúdio


"O espantoso foi ver a repercussão que essa campanha de manipulação teve junto à população. Analisando a imprensa da época, nota-se que, em todo o território da URSS, ocorreu uma onda de repúdio aos médicos judeus, culpados do assassinato de extraordinárias personalidades do povo soviético", afirma a historiadora.
De 1936 a 1938, Josef Stalin submeteu o país à primeira grande faxina ideológica. Dezenas de milhares de russos, entre eles fiéis membros do PC, caíram em desgraça. Eles foram assassinados por supostas conspirações anti-soviéticas ou sumiram durante anos ou para sempre nos gigantescos campos de concentração, os temíveis Gulags, nas regiões mais isoladas do grande império. Em 1948, apenas três anos após a vitória sobre a Alemanha nazista, começou uma nova onda de perseguição. Paranóico, a essa altura, Stalin via inimigos por toda parte.

Má interpretação de exame


O estopim para a manchete do Pravda de 13 de janeiro de 1953 foi a calúnia de uma médica do hospital do Kremlin. Lydia Timashuk entrou para a história ao denunciar que um colega seu, preso mais tarde, teria de propósito interpretado erroneamente o exame cardiológico de um companheiro de Stalin, para deixá-lo morrer.
Segundo Petersdorf, "esse motivo foi vinculado à morte de várias outras lideranças soviéticas, inclusive Gorki, que também havia sido envenenado por médicos. Para Stalin, portanto, estava claro que todos os médicos eram culpados, não poupando sequer seu médico pessoal, altamente condecorado".
Para atiçar a revolta da população, os líderes do Kremlin divulgaram que, atrás dos "assassinos em bata branca" escondia-se a organização de ajuda norte-americana e judaica Joint. A mando dessa organização, os médicos não só teriam cometido assassinatos como também espionado para os serviços secretos britânico e norte-americano. Profissionais de renome nacional e internacional, eles foram acusados de haverem "entregue" o Kremlin aos norte-americanos e ingleses. "Eram, portanto, suposições completamente loucas", diz Petersdorf.

Stalin morreria em março


No último minuto, os médicos ainda conseguiram escapar do processo e da anunciada execução na Praça Vermelha em Moscou. A 5 de março de 1953, menos de dois meses depois da denúncia supostamente espetacular, Josef Stalin morreu de hemorragia cerebral, aos 73 anos.
Os médicos ainda vivos foram libertados. E os algozes stalinistas esconderam rapidamente a chamada Declaração Judaica, elaborada pouco antes da morte do tirano para ser publicada na capa do Pravda logo após a execução dos professores de Medicina.
Ela previa a transferência dos judeus das áreas industriais da URSS para campos de concentração da Sibéria e do Cazaquistão. Ali eles estariam "protegidos e poderiam executar trabalhos úteis ao povo soviético e escapar da compreensível ira provocada pelos médicos traidores", dizia o documento ditado por Stalin.

Gerda Gericke (gh) © 2008 Deutsche Welle



Le 12 janvier



1912: SPD conquista maioria no Parlamento
Reichstag, em Berlim



Nas eleições de 12 de janeiro de 1912, o Partido Social Democrata da Alemanha (SPD) tornou-se, pela 1ª vez, a maior bancada do Parlamento do Império, o Reichstag. O SPD obteve 34,8% dos votos, conquistando 110 mandatos parlamentares. O sucesso eleitoral dos social-democratas deveu-se a problemas políticos internos, sobretudo à latente crise econômica.

Foi uma lenta mas contínua história de sucesso que se concretizou em 12 de janeiro de 1912. Fundado nos anos 60 do século 19, o SPD representava, principalmente, o operariado do setor industrial. O número de seus filiados duplicara ao longo de apenas uma geração.
O governo de Otto von Bismarck, o "chanceler de ferro", tentou sem sucesso conter o crescimento do partido. Durante 12 anos, todos os jornais, associações e reuniões do SPD ficaram proibidos pela "lei contra as reivindicações da social-democracia, perigosas para a coletividade". Mas, apesar da repressão e difamação, o eleitorado dos social-democratas continuou crescendo.

Onda vermelha

O Sinzinger Zeitung, jornal ligado ao governo, advertia na época:
"Funcionários e servidores públicos alemães! A onda vermelha eleva-se cada vez mais. É preciso enfrentá-la com um muro inabalável e insuperável. O núcleo desse muro deve ser a fidelidade constante ao imperador e ao Império, ao príncipe e à pátria, que vive no coração do funcionalismo público alemão.
A social-democracia quer destruir o que lhes é caro nos campos religioso, cultural e econômico. No dia 12 de janeiro e no segundo turno das eleições, cada voto conta. Votem todos, mas que nenhum funcionário ou servidor público eleja um social-democrata".
Nesse tom, o Sinzinger Zeitung tentava moblizar contra a social-democracia, na véspera da eleição. Sem sucesso, porque em 12 de janeiro de 1912, o SPD obteve seu melhor resultado eleitoral durante o Império. Com quase 35% dos votos, era disparado o partido mais forte, seguido pelo centro católico, com 16,4%, e os conservadores, com apenas 9,2%.

Maioria dos votos x maioria no Parlamento

Ter o voto da maioria dos eleitores, porém, não representava automaticamente uma maioria dos assentos no Parlamento, uma vez que a legislação eleitoral do império desfavorecia o SPD. Em 1890, por exemplo, o partido obtivera a maioria dos votos, mas em função das alianças dos partidos burgueses e da desfavorável divisão dos distritos eleitorais, só conquistou 35 dos 391 mandatos.
Em 1912, porém, o SPD aliara-se ao Partido Progressista, liberal de esquerda, na luta contra a lei eleitoral discriminatória, o armamentismo e a política colonial da Prússia. Essa aliança ajudou o partido a conquistar um grande número de cadeiras, no segundo turno das eleições, em 25 de janeiro. Com 110 deputados, o SPD tornou-se, pela primeira vez, a bancada majoritária no Reichstag.

Poder reduzido

No entanto, mesmo como principal bancada, seu poder de influenciar a política imperial era restrito. De acordo com a Constituição, o chanceler imperial e seus ministros só deviam explicações ao imperador, e não ao Parlamento. O Reichstag só tinha poder para aprovar ou rejeitar o orçamento.
Como, além disso, o imperador podia dissolver o Parlamento a qualquer momento, a autoconfiança dos parlamentares era mínima. Os próprios deputados não escondiam sua desconfiança na instituição, como demonstrou um integrante da ala conservadora em 1910: "O rei da Prússia e imperador da Alemanha deve estar em condições de, a qualquer momento, dizer a um comandante: - Pegue dez homens e feche o Reichstag!"
É o que, de fato, ocorreu uma ou outra vez. Em 1906, por exemplo, o chanceler imperial Bernhard von Bülow mandou dissolver o Parlamento, porque este não lhe havia liberado novos recursos para a guerra colonial contra os hotentotes na África do Sudoeste (hoje Namíbia).
Dois anos após a vitória eleitoral de 1912, os social-democratas foram confrontados com um pedido de créditos para a Primeira Guerra Mundial, que, desta vez, aprovaram. Com a liberação dos recursos e a renúncia a qualquer oposição durante o conflito, o SPD tentou livrar-se da imagem de partido sem patriotismo:
"As conseqüências da política imperial irromperam sobre a Europa como uma tempestade. Estamos diante do fato inegável da guerra. Neste momento, cumprimos o que sempre ressaltamos: na hora do perigo, não abandonamos a pátria".

Rachel Gessat (gh) © 2008 Deutsche Welle