Efemérides

Thursday, February 21, 2008

Le 21 février


1965: Malcolm X é assassinado no Harlem
Malcom X

No dia 21 de fevereiro de 1965, Malcolm X, líder da luta contra a opressão dos negros nos Estados Unidos, é assassinado no Harlem.
Malcolm Little nasceu em 19 de maio de 1925 no Nebraska, Estados Unidos. Ele ainda era criança quando o pai, pastor batista, foi assassinado por brancos, provavelmente membros da Ku Klux Klan. Órfão (a mãe estava internada num hospital psiquiátrico), Malcom e seus irmãos foram entregues a orfanatos.
Malcolm e uma irmã foram morar em Boston, onde sobreviveram com trabalhos temporários. Depois, ele mudou-se para o Harlem, bairro de maioria negra em Nova York. Escapou do serviço militar por fingir-se paranóico. Sua carreira no país dos brancos parecia programada: empregos temporários, pequenos delitos, prisão.
Em 1946, foi para a cadeia por roubo e receptação. Justamente no isolamento da penitenciária, ocorreu a conversão que transformaria o profundo conhecedor dos becos de Nova York num dos mais carismáticos líderes negros dos Estados Unidos. Atrás das grades, ele entrou em contato com os ensinamentos de Elijah Muhammed, líder da "Nação do Islã".
Malcolm estudou o Alcorão e outros escritos filosóficos e, ao deixar a prisão, em 1952, passou a dedicar-se à organização do Movimento dos Muçulmanos Negros. Trocou seu sobrenome de escravo "Little" por "X", dizendo que "o X significa a rejeição do nome de escravo e ausência de um nome africano para ocupar o seu lugar".
Elijah Muhammed considerava-se eleito por Deus para livrar os negros americanos da opressão dos brancos. Malcolm X, seu principal missionário, transformou a mesquita do Harlem em centro do movimento.

Movimento muçulmano
A luta dos negros americanos por igualdade de direitos intensificava-se desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Nos anos 60, o movimento sofreu uma divisão: enquanto Martin Luther King apostava na chamada "resistência pacífica", os muçulmanos liderados por Elijah Mohammed e Malcolm X defendiam a separação das raças, a independência econômica e um Estado autônomo para os negros.
A principal reivindicação de Malcom X era a melhoria da qualidade de vida para os negros na América. Pelo menos num ponto, seu programa diferia do de outros grupos. Malcolm X argumentava que eles tendiam a esperar mais mil anos para alcançarem seus objetivos. "Enquanto nós, muçulmanos, não estamos dispostos a esperar nem mais cem anos. Queremos a separação total entre escravos e senhores de escravos."
Segundo Erik Lincoln, professor de Filosofia Social da Universidade de Atlanta e autor do livro "The Black Muslims in America", o movimento muçulmano negro foi, essencialmente, um movimento de protesto social que se comportava mais ou menos como uma seita. Seus adeptos eram principalmente negros da classe mais baixa, que tentavam encontrar seu caminho e seu lugar na sociedade norte-americana. "Talvez, eles, de fato, pretendessem construir sua própria sociedade - uma nação negra de islâmicos", diz.
O projeto muçulmano não se tornou realidade, mas foi elogiado até por um de seus mais severos críticos, o sociólogo James Baldwin. Segundo ele, "Mohammed conseguiu realizar o que diversas gerações de assistentes sociais, comitês, resoluções, projetos habitacionais e parques infantis não haviam logrado: curar e recuperar alcoólatras e vagabundos, redimir egressos de penitenciárias e impedi-los de voltar".

Assassinato
Com o passar do tempo, Malcolm foi ficando cada vez mais famoso. Começou a se distanciar do clichê de que todos os brancos são "endemoniados" e não queria continuar mantendo a fachada de movimento puramente religioso e apolítico.
Em março de 1964, Malcolm X rompeu com o movimento e organizou a "Muslim Mosque Inc.", e mais tarde a "Afro-American Unity", organização não religiosa. Numa viagem a Meca, a cidade sagrada dos muçulmanos, em 1963, mudou o nome para Al Hajj Malik Al-Shabazz. Seu rompimento com a "Nação do Islã" e sua entrementes posição conciliatória em relação aos brancos lhe trouxeram um certo isolamento.
No dia 21 de fevereiro de 1965, aos 39 anos, ele foi morto com 13 tiros quando discursava no Harlem. Jamais foram encontradas provas, mas suspeitou-se do envolvimento da "Nação do Islã" no assassinato.
Suas idéias foram muito divulgadas na década de 70 por movimentos como o Black Power e as Panteras Negras. Sua vida e obra também estão documentadas em vários filmes, sendo o mais famoso deles "Malcolm X", dirigido por Spike Lee, de 1992.

(ch/gh) © 2008 Deutsche Welle

Wednesday, February 20, 2008

Le 20 février

1857: Fundação da Norddeutscher Lloyd



Em 20 de fevereiro de 1857 começam em Bremen as atividades da linha alemã de navegação Norddeutscher Lloyd. Durante muito tempo seus navios de passageiros ligaram a Europa a outras partes do mundo.
No início de sua história, somente o nome estava definido: "Norddeutscher Lloyd", escrito em letras garrafais na capa de uma pasta de arquivo. O autor era Hermann Henrich Meier, grande comerciante de Bremen, cônsul e banqueiro, mais tarde eleito para o Reichstag – como se chamou o Parlamento alemão de 1867 a 1945.
Ambicioso, Meier não podia ver a Hapag (sociedade anônima teuto-norte-americana de transporte de cargas), fundada em Hamburgo em maio de 1847, operando com sucesso no Atlântico Norte, enquanto em Bremen não se conseguia criar uma companhia de navegação genuinamente alemã. E a cidade hanseática de Bremen dispunha de excelentes condições para a navegação transatlântica graças a Bremerhaven, o porto de águas profundas instalado em 1830.

Busca por empresa puramente alemã
Os esforços empreendidos por Meier no verão europeu de 1856 junto a potenciais investidores para seu projeto foram em vão. O dilema era onde conseguir financiamento para a "grandiosa empresa puramente alemã", como dizia o cônsul.
Foi então que Eduard Crüsemann lhe ofereceu ajuda. Crüsemann, 30 anos, filho abastado de um grande comerciante berlinense, morava em Bremen e dirigia uma pequena companhia de navegação. Ele ficou entusiasmado com os planos de Meier, embarcou no projeto e logo exigiu para si um posto de gerência.
Foi o impulso que faltava para quebrar a resistência da elite financeira de Bremen: no dia 20 de fevereiro de 1857, Meier realizava seu sonho, fundando a Norddeutscher Lloyd. O brasão da nova companhia de navegação mostrava uma âncora cruzada por uma chave, envolta numa coroa de folhas de carvalho. A empresa de Bremen imediatamente encomendou ao estaleiro escocês Caird & Company quatro transatlânticos a vapor.
O primeiro, batizado obviamente de Bremen, pesava 2.600 toneladas brutas registradas e tinha motores de 1.500 cavalos. Além disso, o navio desenvolvia uma velocidade de 10 nós (1 nó = 1 milha marítima/hora) e tinha capacidade para 500 passageiros. A viagem de teste, em junho de 1858, virou festa popular.

Aproximação à concorrente
Com outros três navios, a Lloyd estabeleceu linhas regulares, de duas em duas semanas, entre os portos de Bremen e Nova York, iniciando uma concorrência com a Hapag, de Hamburgo. Apesar dos prejuízos iniciais em dinheiro e mesmo em navios, o cônsul Meier não vacilava. Sua meta era transformar a Norddeutscher Lloyd na principal companhia de navegação da Alemanha. Seus navios tinham de ser rápidos, seguros e confortáveis.
Meier também não teve medo de uma cooperação com a Hapag. As duas companhias coordenaram dias alternados para as partidas e arrendaram um ancoradouro comum num ponto central do porto de Nova York. Quando foi fundado o Deutsches Reich (Império Alemão), em 1871, a Lloyd já era dona de 24 navios a vapor.
Nos anos 80 do século 19, a onda de emigração do Sul e do Leste da Europa para os Estados Unidos foi um negócio lucrativo para os luxuosos navios de passageiros da Lloyd, já então a maior companhia de navegação alemã. Os "vapores" da Lloyd cruzavam o Atlântico em apenas nove dias, transformando as viagens nos cruzeiros de luxo em verdadeiro divertimento.
Esta tradição manteve-se no século 20. Várias vezes, os dois principais navios da Lloyd – Bremen e Europa – conquistaram a faixa azul da travessia mais rápida entre Cape Lizard (Inglaterra) e Nova York, fazendo a rota em quatro dias e 18 horas.
Hoje, a Norddeutscher Lloyd e a Hapag não existem mais como companhias independentes. A forte concorrência internacional forçou sua fusão, dando origem à Hapag Lloyd, em 1970.
Desde então, a mais famosa companhia de navegação alemã cruza os mares do mundo sob bandeira única. Em 1997, tornou-se subsidiária da gigante do turismo TUI. O conglomerado atua com sucesso tanto nas áreas de logística como no de viagens, sendo que o ramo turístico desempenha um papel cada vez mais marcante.

Karl-Heinz Lummerich (gh) © 2008 Deutsche Welle

Tuesday, February 19, 2008

Le 19 février




1861: Criada a associação de formação de trabalhadores
Discurso de August Bebel (quadro de H. Kohlmann)

Em 19 de fevereiro de 1861 foi criada, em Leipzig, a primeira associação de formação de trabalhadores. Ela seria a base do movimento dos trabalhadores e do Partido Social Democrata.
"Certo dia eu li no jornal Mitteldeutsche Zeitung, do qual era assinante, a convocação para uma assembléia geral de criação de uma associação de formação de trabalhadores. A assembléia foi realizada em 19 de fevereiro de 1861, no Salão de Viena. Quando cheguei lá, o local já estava superlotado." Assim o jovem August Bebel lembrou a fundação da primeira associação dedicada à formação de trabalhadores, em Leipzig. Bebel tornou-se membro da entidade e fez parte de sua diretoria.
Poucos anos depois, August Bebel fundaria o Partido Social Democrata dos Trabalhadores, juntamente com Karl Liebknecht. Na primeira Associação de Formação de Trabalhadores da Alemanha, Bebel, então com 20 anos de idade, colhe os primeiros frutos: além de canto, ele aprende a discursar e a argumentar.
Desde os seus primórdios, as associações dos trabalhadores alemães se dividiram em duas correntes, que proliferaram nos anos 60 da século 19. A fração burguesa e mais forte defendia o ponto de vista de que "a formação profissional liberta" e exigia aulas de inglês e francês, assim como cursos de escrituração comercial, estenografia e aritmética.

Instrução para usar o saber adquirido
Os oponentes, da ala socialista de Karl Liebknecht, diziam: "Saber é poder" e exigiam que os trabalhadores fossem primeiramente livres da repressão e da exploração do capital. E só então, num segundo passo, os trabalhadores poderiam adquirir instrução e usar o saber adquirido. Por isso, queriam doutrinar politicamente os membros da associação, para os conscientizar das condições sociais injustas em que viviam.
A revolução tinha fracassado, todavia, em 1848. Forças reacionárias dominaram nos anos seguintes. E, embora a industrialização fomentasse espíritos críticos, as associações políticas estavam proibidas na Alemanha e trabalhadores com consciência revolucionária eram ainda mais raros. Por isso mesmo, as associações surgidas a partir de 19 de fevereiro de 1861 tornaram-se ainda mais destemidas, como conta o historiador Jacque Schwarz:
"Elas tinham fundamentalmente quatro tarefas: a formação elementar para suprir a deficiência das escolas em aritmética, ortografia, leitura; a formação profissional, assim como o ensino de técnicas industriais. A técnica e as ciências naturais tiveram, progressivamente, um papel muito importante no desenvolvimento industrial, assim como a formação ética e moral – muito importante para a formação da personalidade. O canto coral, ginástica e higiene também contribuíram para a educação popular".

Rápida propagação
Um ano depois que August Bebel começou com o aprendizado de canto, a Alemanha já tinha 100 associações de formação de trabalhadores. Elas são vistas pelos historiadores como berço do movimento dos trabalhadores. Surgiu daí a Associação Geral dos Trabalhadores Alemães, fundada em Leipzig, em 1863, com 4 mil pessoas. Ferdinand Lasalle, um companheiro de Karl Marx, foi seu presidente.
Lasalle postulava que os trabalhadores têm de ser independentes, politicamente engajados, organizados, e não podem, absolutamente, confiar só na auto-ajuda, mas precisam também da ajuda do Estado. Para isso, era preciso fomentar o direito de voto para todos, porque só através de eleições livres a maioria da população alcançaria o poder automaticamente.
Em 1869, seria criado o Partido Social Democrata dos Trabalhadores, em Eisenach, descendente do movimento sindical. A origem dos centros para a formação de adultos (Volkshochschulen), existentes na atualidade em toda a Alemanha, remonta também à primeira associação de formação de trabalhadores.

Gerda Gericke (ef) © 2008 Deutsche Welle

Monday, February 18, 2008

Le 18 février

2007 - Attentat à bord du "Train de l'amitié" indo-pakistanais

Le 18 février 2007, deux bombes explosent dans le "Samjhauta Express" ("Train de l'amitié"), qui relie New Delhi à Lahore, faisant au moins 67 victimes et une trentaine de blessés. Cette attaque non revendiquée intervient à la veille de la visite en Inde du ministre pakistanais des affaires étrangères. Cette liaison ferroviaire, lancée en 1976 et souvent interrompue, avait été rétablie en janvier 2004.
2007 - Référendum en Andalousie sur le nouveau statut d'autonomie élargie

Le 18 février 2007, les électeurs d'Andalousie approuvent par 87,4% des voix le nouveau statut d'autonomie élargie pour leur région, avec un taux d'abstention de plus de 63%. Le texte définit les attributs de l'identité de l'Andalousie, qualifiée de "réalité nationale", et étend ses compétences en matière fiscale. Deuxième région d'Espagne par sa population, l'Andalousie est aussi la deuxième à se doter d'un statut d'autonomie élargie sous le gouvernement Zapatero, après la Catalogne.

©Documentation écrite RFI

1943: Goebbels declara guerra total

Joseph Goebbels fala para 100 mil alemães, em Zweibrücken

A 18 de fevereiro de 1943, Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda de Hitler, proclamou a guerra total num discurso à nação, em que apelava ao nacionalismo alemão.

"Eu lhes pergunto: Vocês querem a guerra total?" Interrompido por aplausos e gritos de "sim", o orador insistiu na pergunta. "Vocês a querem, se necessário, mais total e radical do que a podemos imaginar hoje?". E recebeu nova ovação e um decidido "sim" da platéia. Este foi o auge do discurso do chefe da propaganda nazista, Joseph Goebbels (1897-1945), no dia 18 de fevereiro de 1943, diante de 14 mil pessoas reunidas no Palácio dos Esportes, em Berlim.
Essa mistura de ambição pelo poder e desprezo pelo ser humano era típica do oportunista Goebbels. A Alemanha encontrava-se em ruínas e a Segunda Guerra já estava decidida quando Goebbels tentou evocar, pela última vez, o mito da "comunidade do povo" (Volksgemeinschaft). O discurso no Palácio dos Esportes não passou de encenação, gravada para transmissão por rádio e nos cinemas. A idéia lhe ocorrera em outubro de 1942, quando se delineara a derrota de Stalingrado. A intenção era não só entusiasmar os ouvintes, mas também os soldados nas frentes de batalha.
Apesar disso, Goebbels referiu-se à platéia que o ouvia ao vivo como sendo "uma amostra da sociedade em seu todo". O sucesso do rádio empolgou as multidões, por se tratar de um acontecimento fabuloso da mídia na época. Seu efeito sugestivo foi enfatizado pelo suposto imediatismo e a impressão de ser ao vivo. O programa, porém, havia sido gravado durante o dia e só foi ao ar à noite.


Goebbels ressalta ameaças judia e bolchevique

O discurso expressou a convicção dos nazistas sobre sua causa. Goebbels ainda aperfeiçoou tecnicamente os aplausos, para que tivessem o efeito esperado no país e no exterior. Ressaltando a ameaça bolchevique, o ministro da Propaganda tentou conquistar os países neutros e os aliados ocidentais para uma luta conjunta contra a União Soviética. Insistiu também na campanha de perseguição aos judeus. "A Alemanha não pretende se curvar à ameaça judaica e, sim, enfrentá-la, se necessário, com o extermínio total e radical do judaísmo", disse sob aplausos.
Goebbels ambicionava melhorar sua posição no comando nazista. Nos anos 30, ele havia sido uma figura marginal. Fora relegado a segundo plano nas decisões que antecederam o início da Segunda Guerra Mundial. Apesar disso, era considerado um importante representante do regime nazista, tanto no país como no exterior. Seu papel era propagar o culto ao "Führer" e maquiar o caráter terrorista do regime de Hitler com a visão da "comunidade do povo" (Volksgemeinschaft). Goebbels estava ligado ao centro do poder através da propaganda.


Apelo veemente ao nacionalismo

O discurso de 18 de fevereiro de 1943 teve diferentes repercussões no exterior. Hitler classificou-o como "obra-prima da propaganda", uma advertência fatídica que combinava fascínio e violência sutil. Nunca antes Goebbels havia apelado com tanta veemência ao nacionalismo, à esperança e à perseverança de milhões de alemães
Suas táticas para manipulação das massas, porém, já eram conhecidas. Em 1938, alertara para a "crescente insatisfação do povo alemão" com o Tratado de Versalhes. Com inédita habilidade, usou o rádio, a fotografia e o cinema para propagar os ideais do nazismo. Tramou também a chamada "Noite dos Cristais" (9 de novembro de 1938), operação brutal montada para vingar o assassinato de um diplomata alemão em Paris por um jovem comunista judeu.
Goebbels alegou que foi um protesto espontâneo das massas, mas hoje sabe-se que a "Noite dos Cristais" marcou o início de uma nova fase do regime hitlerista: o nacional-socialismo deixava as camuflagens para assumir o terror. Perdida a guerra, os dois principais mentores desse terror - o "Führer" e seu chefe de propaganda - escolheram o mesmo destino: suicidaram-se em 30 de abril de 1945. No testamento escrito pouco antes do suicídio, Hitler ainda nomeara Goebbels para sucedê-lo no cargo de chanceler do III Reich.

Michael Marek (gh) © 2008 Deutsche Welle

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Le 17 février


2003 - Ouverture du péage urbain à Londres

Le 17 février 2003, un système de péage électronique d'une ampleur inédite est mis en service dans le centre de Londres afin d'y réduire les embouteillages. Les automobilistes circulant de 7h à 18h30 (hors week-ends et jours fériés) dans une zone de plus de 20 km² doivent payer une "taxe d'embouteillage" de 5 livres par jour. Plus de huit cents caméras reliées à un ordinateur central permettent de vérifier, grâce aux plaques d'immatriculation, que la taxe a été acquittée. Les résidents de la zone bénéficient d'une réduction de 90% tandis que sont exemptés les voitures "propres", les deux-roues, certaines professions comme les taxis et les médecins, ainsi que les handicapés. Le profit généré par le péage doit également permettre de financer la rénovation des transports publics.

©Documentation écrite RFI



1993: A Noite dos Mil Fogos



Em 17 de fevereiro de 1993, 27 mil pessoas participaram de manifestações na região do Ruhr, no oeste da Alemanha. Eram trabalhadores e familiares, empunhando tochas, bloqueando uma ponte e erguendo barreiras nas ruas para protestar contra a ameaça das primeiras demissões em massa na indústria metalúrgica alemã: o conglomerado Krupp-Hoesch anunciara o fechamento de uma subsidiária.

A cidade de Dortmund ficou completamente congestionada na noite de 17 de fevereiro de 1993. Diante das três siderúrgicas da Hoesch, milhares de funcionários e familiares empunhavam tochas e protestavam contra a ameaça de demissão em massa. Nas casas das proximidades, velas queimavam nas janelas, em sinal de apoio aos milhares de manifestantes. Um cenário que levou a manifestação a ser chamada de "Noite dos Mil Fogos".
Sessenta quilômetros adiante, em Duisburg-Rheinhausen, em outra manifestação pelo mesmo motivo, os trabalhadores bloquearam a ponte sobre o Rio Reno. O presidente estadual da Confederação Alemã de Sindicatos (DGB), Dieter Mahlberg, gritava no microfone: "A água já alcançou nossos pescoços, não aceitamos mais que os pobres ganhem os centavos e os ricos fiquem com os marcos."


Razões dos cortes

Para o então presidente da Krupp, Gerhard Cromme, o possível fechamento dos altos-fornos nas cidades de Dortmund, Rheinhausen, Siegen e Hagen eram "efeitos sinergéticos" da fusão entre seu grupo e o Hoesch. Os funcionários e sindicatos viram mesmo "demissão" e "redução de vagas".
Em 1993, o conglomerado siderúrgico Krupp-Hoesch precisava tomar uma decisão urgente. Estava produzindo 150 mil toneladas de aço em excesso. Para interromper o desperdício, teria de eliminar 30 mil empregos. Os empregados apontavam como causas a política de subvenções errada da União Européia e uma batalha de preços desastrosa. O presidente do conglomerado tinha tomado a decisão. Seu problema era romper a enorme solidariedade entre os trabalhadores da Krupp-Hoesch.


Queda-de-braço inútil

Um dos líderes dos trabalhadores em Rheinhausen na época, Gerd Pfisterer, lembra a tática da desinformação, usada "pelos patrões" para desarticular o movimento: "Eles queriam destruir nossa moral, nossa união. Foi interessante que os patrões ficavam dizendo que os trabalhadores de uma siderúrgica já tinham entregue os pontos, que os da outra não iriam mais agüentar por muito tempo, e assim por diante."
A resistência desesperada dos metalúrgicos foi acompanhada em toda Alemanha, mas não adiantou nada. Alguns meses mais tarde, em 15 de agosto de 1993, a usina relativamente moderna da Krupp em Rheinhausen foi fechada. A fusão seguinte da Krupp, em 1997, com a Thyssen, selou a decisão do fechamento dos três altos-fornos em Dortmund, até 2002.
O poderoso Sindicato dos Metalúrgicos organizou os protestos em massa que marcaram a Noite dos Mil Fogos e o bloqueio da ponte sobre o Rio Reno. Mesmo assim, Theo Steegmann, então vice-presidente da Comissão de Fábrica em Rheinhausen, critica a falta de engajamento do sindicato quando ainda havia possibilidades de negociar o fechamento dos altos-fornos: "Um sindicato forte como o nosso deveria ter usado melhor seu direito de voto nos conselhos administrativos enquanto ainda era tempo, exigindo estratégias que evitassem as demissões, e não só organizando marchas de protesto."

Johannes Duchrow (rw) © 2008 Deutsche Welle

Saturday, February 16, 2008

Le 16 février


1937: Náilon patenteado
Wallace Hume Carothers, o inventor do fio de náilon

No dia 16 de fevereiro de 1937, o gigante norte-americano da química Du Pont registrou a patente de uma fibra produzida em seus laboratórios.
O objetivo do descobridor do náilon não foi desenvolver um novo produto. Segundo os historiadores da Du Pont, ele pretendia muito mais descobrir o funcionamento das ligações químicas na nova substância. O norte-americano Wallace Hume Carothers trabalhava no setor de polimerização da superfábrica da Du Pont em Delaware, nos EUA.
Sua intenção era descobrir por que determinadas moléculas se agrupavam formando fibras e outras não. Por isso, foi praticamente um acaso o desenvolvimento de um polímero que permitia ser esticado em longos fios maleáveis. O novo material foi chamado náilon (nylon) e introduziu a era das fibras sintéticas.
O fio sintético é um xarope espesso, formado por longos fios lustrosos e elásticos como os da seda e celulose, que se solidificam ao esfriar. Essa era a aparência da primeira fibra sintética, produzida no início da década de 1930 nos laboratórios da Du Pont de Nemours, em Delaware.

A evolução da fibra
A fibra não era útil comercialmente, pois quebrava facilmentee se solidificava a temperaturas muito baixas. Mas serviu de partida para milhares de combinações químicas que produziram outras tantas amostras de fios até se chegar àquela de maior aplicação prática, o náilon.
Em 1937, a Du Pont selecionou o náilon para a fabricação em larga escala. A partir de então, o fio invisível, resistente e durável, desencadeou uma revolução. Das meias à lingerie, passou a ser sinônimo de moda feminina. Também era presença obrigatória nas escovas de dentes, linhas de pesca, pára-quedas, tapetes e suturas cirúrgicas. Os tecidos sintéticos são descendentes diretos do plástico, substância descoberta em 1875 pelo químico alemão Adolf von Bayer.
Dois líderes da indústria química na Europa e nos Estados Unidos apostaram na pesquisa dos polímeros: em 1927, a I.G. Farben, na Alemanha, contratou 27 cientistas que aprenderam tanto sobre a estrutura das moléculas que se deram o luxo de planejar cada passo do processo de descoberta de novos plásticos, como o poliestireno. Um ano depois, a Du Pont de Nemours contratou como chefe de seu laboratório Wallace Hume Carothers, um jovem professor de química orgânica.
Carothers, na época com 32 anos, era conhecido nos meios científicos americanos por suas investigações sobre as ligações químicas das moléculas orgânicas. Ele percebeu que os fios produzidos em 1933 no laboratório por um de seus colaboradores eram, na verdade, as moléculas esticadas de polímeros, semelhantes às da seda e da celulose. O cientista não chegou a usufruir o sucesso de sua invenção.
Vítima de depressão nervosa, Carothers suicidou-se em abril de 1937, dois dias depois de completar 41 anos de idade. A Du Pont, entretanto, popularizou o produto, instituindo um concurso que, a partir das sugestões do público, levou o nome "nylon".

Mil e uma utilidades
Em 1939, a meia de náilon apresentada na Exposição Mundial em Nova York foi sucesso absoluto. Durante a Segunda Guerra Mundial, o náilon foi usado na produção de pára-quedas, suturas cirúrgicas e mortalhas. Depois do conflito, as meias voltaram às lojas. Na Europa, elas chegaram com os chicletes e chocolates dos soldados americanos e logo tornaram-se mercadoria valorizada no mercado negro.
A Du Pont não deu mais conta do mercado: à medida que se tornaram conhecidas mais aplicações das fibras sintéticas, as fábricas foram se espalhando pelo mundo. O fio foi misturado a outras fibras e desenvolvidos novos tecidos (jérsei, fibra acrílica, tergal, poliéster, lastex, lycra), com aplicações em praticamente todos os setores, não só no vestuário e decoração.

Ute Hänsler (rw) © 2008 Deutsche Welle

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1938: Inventado o perlon
No dia 29 de janeiro de 1938, o químico alemão Paul Schlack descobriu os fundamentos químicos para o perlon, fio que significou uma revolução na indústria têxtil. (29.01.2008)

Friday, February 15, 2008

Le 15 février

1867: Primeira execução pública da valsa "Danúbio Azul"


Obra-prima de Johann Strauss filho estreou em 15 de fevereiro, num baile de Carnaval no salão de uma piscina pública. Compositor não compareceu à apresentação. Muitos consideram a famosa valsa o hino nacional da Áustria.
A priori, a escolha das composições a serem executadas como bis após um concerto cabe ao maestro da orquestra. Porém, no tradicional Concerto de Ano Novo da Filarmônica de Viena, o regente não tem escapatória. Após o encerramento da parte oficial do programa, o público sabe de antemão o que vai ouvir e não está nem aí que todos os anos seja a mesma coisa.
Aos aplausos incessantes e pedidos de bis, seguem-se os primeiros violinos num acorde de lá maior, em tremolo, agudo e pianíssimo. E quando as trompas começam a soar, a platéia aplaude de novo entusiasticamente. Todo ano repetem-se duas obras clássicas, uma delas é a valsa Danúbio Azul, de Johann Strauss filho. A segunda, a Marcha Radetzky, de Johann Strauss pai.
Danúbio Azul é uma peça para orquestra, que acabou mais identificada com a Áustria do que o próprio hino nacional do país. A valsa tornou-se tão popular que, tanto na Alemanha quanto no Brasil, consagrou-se chamá-la abreviadamente. Originalmente, a obra carrega o nome An der schönen blauen Donau (No Belo Danúbio Azul), mas, em alemão, acostumou-se a referir-se a ela simplesmente como Donauwalzer e, em português, Danúbio Azul.

Strauss não regeu na estréia
A valsa estreou num baile de Carnaval, a 15 de fevereiro de 1867, no salão da piscina pública Dianabad de Viena. Por acaso, a obra não foi regida por seu compositor, Johann Strauss, em sua primeira execução pública. Na mesma noite, o vienense tinha uma apresentação marcada na corte imperial. Um compromisso que não poderia ser trocado por um baile de Carnaval.
A honra de apresentar Danúbio Azul num palco pela primeira vez coube a Rudolf Weinwurm, regente da Associação Masculina de Canto Coral de Viena. Afinal, fora a associação que havia encomendado a valsa de concerto e tivera de esperar o fim da guerra entre Prússia e Áustria, provocada pelo então primeiro-ministro prussiano, Otto von Bismarck. Patriota, Strauss alegava falta de condições de compor algo alegre durante o conflito. Somente quando a paz foi assinada em 3 de outubro de 1866, o vienense dedicou-se ao trabalho.
Assim, Danúbio Azul ficou pronta com mais de seis meses de atraso. Com a Áustria ocupada pelos prussianos, foi o próprio Bismarck quem definiu a data de apresentação da nova composição de Strauss, que possivelmente sentiu-se desconfortável ao saber que sua estréia foi executada pela banda do regimento alemão de infantaria 42, Jorge 5º, rei de Hannover, que estava estacionada em Viena.
Naquela noite, a música de Strauss foi acompanhada de um texto cantado, de autoria de Josef Weyl, um dos membros do coral. Tida como medíocre, a letra acabou sendo mais tarde abandonada, de modo que a valsa consagrou-se por sua composição musical.

Pai e filho compositores
Há quem confunda a autoria de Danúbio Azul, devido ao fato de pai e filho terem o mesmo nome e ambos terem sido compositores de valsas. Mas, embora Johann Strauss pai tenha composto muitos clássicos, como a Marcha Radetzky, foi seu filho que consagrou-se como o rei da valsa.
E, apesar da popularidade de Danúbio Azul, muitos músicos apontam outras composições como as melhores de Strauss: Rosas do Sul (Rosen aus dem Süden), Vozes da Primavera (Frühlingsstimmen) e Vida de Artista (Künstlerleben), entre outras.
Isto não quer dizer, porém, que Danúbio Azul não tenha admiradores entre os mestres da música erudita. Richard Wagner, por exemplo, não escondia seu encanto pelo primor da introdução da valsa, e Johannes Brahms teria anotado certa vez num guardanapo um comentário sobre a obra-prima de Strauss: "Infelizmente não é minha."

Dirk Kaufmann (mw) © 2008 Deutsche Welle

Thursday, February 14, 2008

Le 14 février


1876: Graham Bell obtém patente do telefone
O telefone patenteado por Graham Bell


Muitos cientistas conseguiram desenvolver aparelhos elétricos de transmissão de voz à distância, mas o escocês Alexander Graham Bell foi o primeiro a patentear o invento, em 14 de fevereiro de 1876.
É difícil dizer quem inventou o telefone, este aparelho que hoje literalmente nos acompanha no dia-a-dia. Simultanea e independentemente, vários cientistas trabalharam com o mesmo objetivo. Na Alemanha, Johann-Philipp Reis. Na França, Charles Bourseul. Nos Estados Unidos, Elisha Gray e Alexander Graham Bell, que entrou para a história como o inventor do telefone, por ter obtido primeiro, em 14 de fevereiro de 1876, a patente para seu aparelho elétrico de transmissão de voz.
"Mr. Watson, venha cá, eu preciso do senhor" foram oficialmente as primeiras palavras transmitidas pelo invento de Graham Bell, desenvolvido no laboratório do cientista em Boston. Watson era um de seus funcionários.
Nascido na Escócia, Bell se interessava pelo fenômeno fala desde sua juventude, formando-se como lingüista e professor para surdos-mudos. No fim do século 19, alimentava-se o sonho de se transmitir sonoramente palavras à longa distância. O telégrafo já o fazia por escrito, sendo usado com grande sucesso em todo o mundo. O próximo passo era inevitável.

Alemão pode ser o pioneiro
Acredita-se que, na verdade, a primeira transmissão elétrica de vozes tenha sido realizada pelo alemão Johann-Phillip Reis. Em vez de um chamado a um funcionário, por seu invento teria passado uma frase inusitada: "Cavalos não comem salada de pepino."
Reis não estava, porém, preocupado com a telecomunicação entre seres humanos. Professor de ciências naturais, seus estudos visavam aspectos da anatomia. Em 1861, ele apresentara um aparelho, que deveria demonstrar como o ouvido humano funcionava.
Uma membrana vibrava quando submetida a sons. A vibração fechava ou interrompia um circuito elétrico. Um corpo de ressonância reproduzia o som transportado eletricamente. Na prática, um telefone primitivo. Reis, entretanto, não teve a visão de que aquele aparelho poderia ser muito mais que um instrumento de demonstração científica.
Seu invento ficou adormecido, até que Gray e Bell, sem conhecerem Reis, redescobriram o princípio. Ambos eram movidos pela perspectiva de conversas por telefone. No entanto, eles visavam usuários diferentes. Gray pensava unicamente na utilidade do aparelho para as empresas, enquanto Bell imaginava-o para uso particular.

Objeto de primeira necessidade
O sucesso econômico da Bell Telephone Company, mais tarde rebatizada de American Telephone and Telegraph Company (AT&T), veio a dar razão ao detentor da patente do aparelho. Pois o que a princípio mais parecia um brinquedo para a população urbana, para a rural tornou-se rapidamente um instrumento de primeira necessidade. Com o telefone, mesmo as maiores e mais distantes fazendas podiam manter contato com as vizinhas, sem a necessidade de demoradas viagens.
Apenas pouco mais de um ano depois de Bell patentear seu invento, uma nova profissão surgiu diante do volume crescente de chamadas telefônicas: a de telefonista. Tantas pessoas já possuíam telefone que se tornara impossível ligar diretamente com cabos todos os aparelhos. Foi preciso criar postos de intermediação.
Todas as chamadas passaram a ser remetidas a estas centrais telefônicas, nas quais telefonistas completavam as ligações para os respectivos destinatários. Somente nos anos 70 do século 20 a intermediação manual passou a ser finalmente substituída pela automática.
A digitalização e a telefonia móvel permitem hoje a comunicação em qualquer lugar, a qualquer hora. Mas já em 1922, quando Alexander Graham Bell morreu, seu invento já havia mudado o mundo.

Catrin Möderler (mw) © 2008 Deutsche Welle



Le 13 février

2007 - Accord de principe sur le nucléaire nord-coréen

Des négociations menées entre Chine, Corée du Nord, Corée du Sud, Etats-Unis, Japon et Russie aboutissent le 13 février 2007 à un accord de principe sur le nucléaire nord-coréen après l'inquiétude suscitée par l'essai nucléaire du 9 octobre 2006. Pyongyang s'y engage à "désactiver" progressivement son programme nucléaire en échange d'une aide énergétique et alimentaire et de garanties de sécurité par les Etats-Unis.

©Documentation écrite RFI


1923: Publicação das 'Elegias de Duíno'
O poeta lírico Rainer Maria Rilke

No dia 13 de fevereiro de 1923, é publicada em Leipzig a coletânea "Elegias de Duíno", de Rainer Maria Rilke. Esta obra, concluída um ano antes, é considerada um dos mais importantes exemplos de lirismo no século 20.
No dia 13 de fevereiro de 1923, foram publicadas as Elegias de Duíno, do poeta austríaco Rainer Maria Rilke (1875–1926). Um contemporrâneo do escritor chegou a duvidar que alguém lesse o livro, considerado incompreensível. Críticos literários, no entanto, classificariam o volume de dez poemas como a principal obra lírica de língua alemã. O próprio Rilke o considerou sua obra-prima.
Escritas ao longo de mais de dez anos, as Elegias foram iniciadas no Castelo de Duíno, perto de Trieste, onde o escritor morou, entre 1910 e 1911, a convite da princesa Maria von Thurn und Taxis. Trata-se de uma poesia hermética, em que o poeta exprime um espiritualismo fantástico. Em oposição ao cristianismo, Rilke inventou anjos como criaturas ideais ou homens que, com a morte, se convertem em seres majestosos. Frutos da morte, esses seres transfigurados logram uma existência perfeita, uma plenitude sobre-humana.
Segundo o próprio Rilke, nas Elegias a afirmação da vida e da morte se revela como uma só coisa. Nós, seres do aqui e agora, em nenhum instante nos sentimos satisfeitos com o mundo temporal. O ser humano suspeita, vislumbra, imagina origens e futuros. Esse mundo imaginário acompanha-o mais do que o real, como demonstra a história das religiões. "Nós somos as abelhas do invisível", escreveu. Rilke também foi admirador e tradutor de André Gide, que propôs o angelismo dos filhos pródigos, que fogem da domesticação familiar para serem livres.

Vida errante e crise existencial
Rainer Maria Rilke nasceu em Praga, a 4 de dezembro de 1875, e morreu em Val Mont, perto de Montreux, na Suíça, a 29 de dezembro de 1926. Na vida real, o escritor também teve fantasias, pelas quais foi muito criticado. Era filho de um ferroviário, mas inventou para si uma origem aristocrática e viveu, sem jamais exercer uma profissão, às custas de suas amigas nobres.
Freqüentou por pouco tempo as universidades de Praga e Munique (onde passou os anos da Primeira Guerra Mundial), mas era um autodidata e viajante permanente. Por conta das "madrinhas" aristocráticas, teve estadias na Rússia, Espanha, África e em Paris.
Os primeiros versos de Rilke, publicados na virada do século 19 para 20, eram imitações bonitas e sentimentais da poesia do escritor alemão Heinrich Heine. Como fruto das viagens à Itália e à Rússia, escreveu o Livro de Horas, uma espécie de breviário, que usa imagens cristãs para manifestar uma religião decididamente anticristã, panteísta. Durante quase 30 anos, esse foi o livro de poesia mais lido em língua alemã.
Depois de sua passagem pela França (1905–1906), escreveu Novos Poemas, que, segundo os críticos, reúne "as poesias mais perfeitas de Rilke". A riqueza de metáforas nessa obra lembra o estilo barroco, mas em algumas poesias anuncia-se a crise existencial do poeta, que se manifesta com toda força nas Elegias de Duíno.
Não é preciso ser místico para entender Rilke. Pode-se também interpretar sua obra como um retrato da angústia ocidental diante da dessacralização ou secularização do mundo, defendida pelos existencialistas. Em sua novela rilkeana A Náusea (1938), Jean Paul Sartre chega a escrever que "tudo o que existe nasce sem razão, continua vivendo por debilidade e morre por acaso". Por isso, segundo o crítico espanhol José Joaquín Blanco, boa parte do enorme êxito obtido por Rilke nos anos 30 e 40 não pode ser atribuído apenas a seu valor poético.
"Ele oferecia uma resposta semi-religiosa, não-cristã, à cultura européia, que criticava o cristianismo, mas não sabia nem podia existir sem soluções religiosas", diz Blanco. Indispensável para a compreensão da poesia de Rilke é a leitura de sua vasta correspondência. O livro Cartas a um jovem poeta, publicado em 1929, foi uma espécie de bíblia de uma geração inteira de poetas em todo o mundo. Mas, nas últimas décadas, o culto a Rilke vem perdendo força.

(gh) © 2008 Deutsche Welle

Tuesday, February 12, 2008

Le 12 février

1974: Soljenítsin é preso e expatriado
Soljenítsin: dissidente soviético e Nobel de Literatura

No dia 12 de fevereiro de 1974, a União Soviética cassou a cidadania de Alexander Soljenítsin e extraditou o Nobel de Literatura.
Alexander Soljenítsin tinha apenas seis anos de idade quando foi aprovada uma lei que marcaria definitivamente sua vida. O novo Código Penal soviético, publicado em 1924, definiu, entre outros delitos, o crime contra-revolucionário e regulamentou a noção de "pessoa socialmente perigosa". Para combater esse tipo de crime, a partir de 1929, a União Soviética criou um imenso sistema de repressão, que se tornou conhecido como "o arquipélago Gulag" e cuja vítima mais famosa foi Soljenítsin.
Nascido em 1918, em Kislovodsk, no Cáucaso, e formado em Física, Alexander Soljenítsin ganhou fama mundial, no final dos anos 60 e início dos 70, por denunciar o terror soviético do período do stalinismo (1924–1953). Ele experimentou esse terror na própria pele ainda durante a Segunda Guerra Mundial.
Na condição de capitão do exército, foi preso em 1945, depois que o serviço secreto interceptou duas cartas que escrevera a um primo, criticando Josef Stalin (1879–1953). Por isso, passou oito anos preso na Sibéria e três anos "isolado" no Cazaquistão, sendo libertado em 1956, durante a moderada abertura política de Nikita Kruchov (1953–1964).

Proibido de viajar para receber Nobel
Reabilitado em 1957, publicou seu primeiro livro sobre os campos de concentração stalinistas, com autorização expressa de Kruchov: Um Dia na Vida de Ivan Deníssovitch (1962). Em 1967, provocou as lideranças soviéticas com uma carta pedindo o fim da censura. Devido à divulgação clandestina de obras proibidas, como O Primeiro Círculo do Inferno, foi expulso da União dos Escritores Soviéticos em 1969. No ano seguinte, conquistou o Nobel de Literatura, mas foi proibido de viajar a Estocolmo para receber o prêmio.
Admirado no exterior e odiado pela cúpula comunista, foi expulso da URSS por haver descrito a vida nos campos de prisioneiros da Sibéria, em O Arquipélago Gulag (1973). Preso por "traição à pátria", a 12 de fevereiro de 1974, e expatriado para a Alemanha, encontrou seu primeiro asilo na casa do poeta Heinrich Böll, mudando-se em seguida para a Suíça e, em 1976, para os Estados Unidos. Viveu no Estado de Vermont, próximo ao Canadá, até 1994, quando retornou a Moscou.

'Não' à instrumentalização política
Soljenítsin é um caso exemplar de escritor que foi usado pela mídia internacional para fins políticos. No auge da Guerra Fria, a imprensa ocidental fazia estardalhaço de suas opiniões. A carta que enviou a Leonid Brejnev, em 1974, pedindo mais liberdade para o povo soviético, virou manchete até nos jornais brasileiros. O que a mídia fingia não perceber é que ele nunca foi pró-Ocidente. Pelo contrário, sempre criticou severamente a "ocidentalização" da Rússia.
Ao contrário do que se poderia esperar, nem mesmo a direita norte-americana conseguiu capitalizar o exílio de Soljenítsin para a propaganda anticomunista. O escritor simplesmente não tinha interesse em percorrer os Estados Unidos para debater suas idéias. Além disso, seus comentários sobre a "decadência moral" do Ocidente logo o tornaram inconveniente. Nos 18 anos em Vermont, viveu no ostracismo. Quase não saía de casa, nem recebia visitas.

Reabilitação civil na Rússia
Com a derrocada da União Soviética, em 1990, Soljenítsin reconquistou seus direitos civis e passou alguns meses na Rússia, preparando seu retorno do exílio. Voltou definitivamente à terra natal em 1994, com a intenção de lutar pela "recuperação espiritual" do país, o fortalecimento do nacionalismo russo e da Igreja Ortodoxa.
Soljenítsin nunca se filiou a nenhum partido ou movimento social. Na Rússia pós-comunista, ele representa uma espécie de "dono maior" do ideário nacionalista, que tanto seduz os reformistas mais radicais quanto os monarquistas e neofascistas entrincheirados na oposição. Continua sendo um crítico do governo: "Somente uma democracia a partir das bases pode nos ajudar a renovar nossa sociedade", diz.

Catrin Möderler (gh) © 2008 Deutsche Welle

Monday, February 11, 2008

Le 11 février
2007 - Election présidentielle au Turkménistan

Gourbangouly Berdymoukhammedov, chef de l'Etat par intérim depuis la mort de Saparmourat Niazov en décembre 2006, est proclamé vainqueur de l'élection présidentielle avec 89,23% des voix. Il promet de suivre la voie du défunt Turkmenbachi tout en annonçant des réformes.
2007 - Référendum sur l'avortement au Portugal

Le 11 février 2007, neuf ans après un premier référendum et à l'issue d'un long débat dans une société très divisée sur le sujet, les Portugais se prononcent à 59,3% pour la légalisation de l'avortement. La participation de 43,6%, inférieure aux 50% requis, rend le résultat non contraignant mais permet l'adoption par le Parlement à majorité socialiste, le 8 mars, de la loi dépénalisant l'avortement jusqu'à la dixième semaine de grossesse, loi promulguée le 10 avril.

©Documentation écrite RFI
1975: Thatcher eleita chefe dos conservadores



No dia 11 de fevereiro de 1975, a química Margaret Thatcher, então com 50 anos, foi eleita pelos Tories presidente do Partido Conservador britânico.
Essa noite de fevereiro entrou para a história britânica como a "noite das facas longas". Numa disputa acirrada, os Tories elegeram a química Margaret Thatcher, de 50 anos, para a chefia do Partido Conservador, preterindo Edward Heath. O governo trabalhista (Labour) fazia troça: agora não era mais preciso se preocupar com as próximas eleições. Os conservadores jamais venceriam com uma mulher na liderança.
Apesar do ceticismo mesmo dentro do próprio partido, Thatcher conseguiu se impor. Baseada na filosofia de que não é obrigação de um político agradar a todos, liderava o partido com mãos de ferro. Quatro anos mais tarde, depois da renúncia do premiê James Callaghan, Thatcher foi eleita nas urnas para a chefia do governo. Foi a primeira mulher na Europa a ocupar esse cargo.
A nova moradora da casa número 10 na Downing Street acreditava no capitalismo sem limites. Socialismo, burocratas de Bruxelas e sindicatos lhe eram antipáticos. Uma de suas metas era restringir o direito de greve e cortar os direitos dos representantes de operários nas empresas. Esta política dura valeu a Thatcher o apelido de Dama de Ferro.

Rigor e patriotismo
Ela privatizou empresas e simplesmente ignorou as greves dos mineiros. Sua reação enérgica à invasão das Ilhas Malvinas (Falklands) pela Argentina lhe trouxe reconhecimento popular e agradecimentos no Parlamento.
Logo depois da invasão argentina, ela ordenou à Marinha que atravessasse o Oceano Atlântico para defender território britânico. A primeira-ministra garantiu em público, com voz emocionada, fazer tudo ao seu alcance para proteger os conterrâneos nas Malvinas. Depois de algumas semanas e um saldo de mil mortos, os argentinos capitularam.
Thatcher consolidou-se na liderança do governo, sendo reeleita mais duas vezes. Em 1990, os conservadores começaram a debater seu papel nas políticas social e européia. Como o partido estivesse ameaçado de se desintegrar, Thatcher renunciou tanto à chefia do governo como à dos Tories. Dois anos mais tarde, recebeu o título de baronesa e ingressou na Casa dos Lordes, de onde não se cansou de reclamar de seu sucessor, John Major.
Quando Thatcher completou 75 anos, em 2000, seus correligionários a festejaram como a melhor chefe de governo, ao lado de Winston Churchill. Neste ponto, ela não demonstra modéstia: "Os homens na política são responsáveis pelos pronunciamentos, as mulheres, ao contrário, pelas ações!"

Gábor Halász (rw) © 2008 Deutsche Welle
Le 10 février
1823: Primeiro desfile de carnaval em Colônia


Em 10 de fevereiro de 1823, houve o primeiro desfile de carnaval em Colônia. A cidade lutava para resgatar a tradição proibida pela França após a anexação da margem esquerda do Reno.
Era uma manhã chuvosa e gelada de inverno europeu. Mesmo assim, os foliões compareceram à praça Neumarkt, no centro de Colônia, para confraternizar com o "príncipe" – na Alemanha não há rei no Carnaval. No início do século 19, a cidade lutava para resgatar uma tradição proibida pelos franceses, que haviam anexado a margem esquerda do Reno e controlavam a chamada Liga Renana, criada em 1806.
A administração de Colônia já conseguira derrubar a proibição, mas o clima de carnaval demorou a ressurgir. No outono de 1822, um grupo de colonianos iniciou a reorganização da festa. O então prefeito da cidade, Heinrich von Wittgenstein, foi eleito porta-voz dos foliões e aprovou um "manifesto por reformas". A primeira assembléia geral foi convocada para janeiro de 1823.

Príncipe em vez de rei
Dessa assembléia nasceu o comitê que organiza o carnaval de Colônia até hoje. O primeiro "príncipe do carnaval", empossado a 10 de fevereiro de 1823, foi Emanuel Zanoli, fabricante da famosa "água de Colônia". Dois anos depois, a associação carnavalesca já publicava seu próprio jornal, logo proibido pelo governo da Prússia. Mas foi também um imperador prussiano – Frederico Guilherme 3º (1797–1840) – que restituiu os direitos da entidade. Desde esta época, é comum os "blocos" usarem uniformes estilizados de guarnições prussianas.
Em 1844, ocorreu um racha na organização e, em conseqüência, a cidade ficou dois anos sem carnaval. As brigas e divisões repetiram-se nas décadas seguintes, mas sempre acabavam na folia coletiva. Desde 1922, o chamado "comitê da festa" é uma entidade representativa. Em 1935, sob a presidência de Thomas Liessen, mais de 30 sociedades carnavalescas uniram-se para formar a Comissão da Festa do Carnaval de Colônia.
Ela organiza os desfiles de segunda-feira, o Rosenmontag (Segunda-feira das Rosas). Depois da Segunda Guerra Mundial, a entidade voltou a usar o nome original de Festkomitee des Kölner Karnevals von 1823 e.V. e hoje conta com 56 sociedades afiliadas, dez aspirantes e 40 patrocinadoras, além de 12 grupos de dança.

Temporada começa em novembro
O atual carnaval de Colônia é um agito de multidões e movimenta milhões de euros. Quando, em pleno inverno, se ouve o "grito de guerra" Kölle Alaaf! (Viva Colônia!, no dialeto local) pelas ruas da cidade da catedral, é sinal de que começou a "quinta estação do ano" à beira do Reno. O início da temporada já acontece no dia 11 de novembro, às 11 horas e 11 minutos, e vai até a Quarta-Feira de Cinzas.
Os foliões tomam conta da cidade que, por natureza, já abriga uma população extrovertida. Colônia entra em transe já na quinta-feira e contagia a Alemanha com um gingado que, a cada ano, se torna mais internacional – inclusive com batuque de samba brasileiro. As cidades de Düsseldorf e Mainz são as concorrentes na folia.
O desfile pioneiro de 1823 foi um marco na história de Colônia, mas nas retrospectivas internacionais da festa merece apenas uma nota de pé de página. Talvez porque a Alemanha não seja considerada berço do Carnaval.

Irreverência e fantasias
Foi em Roma e na Grécia que a festa ganhou algumas características que se mantêm até hoje. A Igreja Católica incluiu-a no Calendário Eclesiástico no ano 590, mas o "carnaval sob controle" não vingou. Os foliões de Roma, Veneza, Paris, Nice, Basiléia e Colônia mantiveram o espírito inicial da festa: mistura de classes, irreverência e fantasias.
O pai do carnaval moderno foi o entrudo (da palavra latina introitu, começo, entrada). Na abertura da Quaresma, o povo comia, bebia e festejava, preparando-se para os 40 dias seguintes de jejum. Quanto à origem da palavra carnaval, não há consenso. Alguns pesquisadores afirmam que ela teria surgido em Milão, em 1130; outros dizem que a festa recebeu esse nome na França, em 1268; e outros ainda, na Alemanha, por volta de 1800.
Segundo o livro A Cultura Popular na Idade Média, de Mikhail Bakhtin, "na segunda metade do século 19, numerosos autores alemães defenderam a tese de que a palavra carnaval viria de kane ou karth (lugar santo, dos deuses e seus seguidores) e de val ou wal (morto, assassinado). Ou seja, "uma procissão de deuses mortos e almas errantes do purgatório, como se fosse um exército de Arlequins desfilando por estradas desertas em busca da purificação das almas".

Geraldo Hoffmann © 2008 Deutsche Welle

Saturday, February 09, 2008

Le 9 février


1925: Pacto de Segurança de Stresemann
Gustav Stresemann, ministro do Exterior no período entre as duas guerras mundiais

No dia 9 de fevereiro de 1925, escondido do governo alemão, o ministro do Exterior do Reich, Gustav Stresemann, apresentou um plano de segurança internacional.
Derrotada na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha vivia uma situação delicada na década de 20 do século passado. O ministro do Exterior Gustav Stresemann, no cargo desde 1923, defendia a necessidade de a política alemã fazer concessões para reconquistar a credibilidade perdida no cenário internacional. Os conservadores eram contra.
Neste contexto, justifica-se a tática de Stresemann, que em 9 fevereiro de 1925 apresentou – sem que o chanceler e seu gabinete soubessem – os contornos de um plano de paz em que a Alemanha fazia concessões territoriais à França e à Bélgica. O plano fez tanto sucesso que foi englobado no Tratado de Locarno, assinado alguns meses mais tarde. Depois da ousadia, Stresemann passou a ser visto no país como "traidor".
A filosofia do monarquista irresoluto, que demorou para se adaptar ao sistema republicano, era equiparar os direitos da Alemanha aos das grandes potências. Há muito, Stresemann havia percebido que estava ultrapassada a tática das anexações para garantir poder. A fórmula moderna de segurança fundamentava-se na cooperação política e econômica.
A iniciativa de Stresemann foi tão bem-sucedida que os ministros do Exterior da Europa marcaram uma conferência especial em Locarno, na Suíça, para analisar sua sugestão, de 5 a 16 de outubro de 1925. Aí, acertaram os detalhes do Pacto de Segurança, que garantia a inviolabilidade de fronteiras e do Convênio Arbitral com a Polônia e ex-Tchecoslováquia, sem entretanto fixar novas fronteiras.
Rachel Gessat (gh) © 2008 Deutsche Welle


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Friday, February 08, 2008

Le 8 février

1958 - Bombardement de Sakhiet Sidi Youssef

En représailles aux tirs de l'Armée de libération nationale (ALN) algérienne contre un de ses avions de reconnaissance, l'armée française bombarde la zone du village tunisien de Sakhiet Sidi Youssef, près de la frontière algérienne, où sont postés les rebelles. L'attaque, qui fait 62 morts et 130 blessés, dont une majorité de civils, provoque une crise diplomatique avec Tunis et aboutira à la démission du gouvernement Félix Gaillard en avril.

©Documentation écrite RFI

1950: Fundação do Stasi – o serviço secreto alemão-oriental
Erich Mielke no Parlamento da RDA, em 1982


A RDA tinha cerca de quatro meses de existência oficial, quando foi criado, no dia 8 de fevereiro de 1950, o Ministério de Segurança do Estado, chamado de Stasi (abreviatura de "Staatssicherheit" – segurança do Estado).
Quase exatamente quatro meses depois da fundação da República Democrática Alemã (RDA), os deputados da chamada Câmara Popular Provisória aprovaram unanimemente o item 4 da pauta de trabalhos do dia 8 de fevereiro de 1950, uma lei que previa a criação de um novo ministério.
A lei tinha apenas dois parágrafos, cujo texto podia ser lido no Anexo Nº 41 e descrevia em poucas palavras que a repartição denominada Administração Central da Proteção à Economia Popular, do Ministério do Interior, deveria tornar-se autônoma, com status ministerial e o nome de Ministério de Segurança do Estado.

Lei não descrevia tarefas
A lei não continha nenhuma informação sobre a tarefa e as competências do novo Ministério. O ministro do Interior Steinhoff, que justificou o projeto de lei diante do plenário, limitou-se a fazer algumas declarações vagas sobre a "proteção confiável das empresas de propriedade do povo, dos bens agrários e do setor de transportes, contra elementos criminosos, agentes inimigos, subversivos, sabotadores e espiões".
Quase nenhum dos deputados percebeu nesse dia que acabava de aprovar a criação de um órgão que se tornaria nos anos seguintes um serviço secreto onipotente com um batalhão de colaboradores, seguindo o modelo soviético. O novo ministério acabaria se transformando num "Estado dentro do Estado".
Mas ainda não tinha ocorrido a rebelião popular de 17 de junho de 1953, que significaria o fim da carreira política do primeiro titular da pasta ministerial de Segurança do Estado, Wilhelm Zaisser. Tampouco tinha ocorrido ainda o 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética, que levou o seu sucessor no cargo, Ernst Wollweber, à avaliação errônea de que a RDA estaria apta a iniciar um período de distensão.

Mielke assume a chefia
Em novembro de 1957, ele foi destituído de todos os seus cargos e substituído pelo general Erich Mielke, até então vice-ministro, um stalinista convicto, preparado em Moscou. Numa reunião do Comitê Central em março de 1962, 12 anos após a decisão da Câmara Popular para a criação do Ministério de Segurança do Estado e sete meses depois da construção do muro de Berlim, Mielke declarou acreditar ainda que a Alemanha Oriental estava cercada de agentes inimigos e espiões.
Erich Mielke: "Camaradas, eu só falei sobre os agentes principais. Toda uma série de agentes secundários está aqui, confirmando o que eu digo. As provas são testemunhas, documentos, declarações, perícias. Tudo o que é necessário para provar que o que apresentei aqui, ao Comitê Central, foi apresentado com razão".
O que a liderança do partido e do Estado temia, não eram agentes aliciados pelo inimigo. Antes de mais nada, objetivava-se localizar e isolar aquelas forças dentro do próprio povo que se opunham à visão de uma "sociedade socialista humana", na qual o individualismo deixaria de existir em prol da coletividade e na qual todos teriam de apoiar inteiramente o Estado e a sociedade.

O povo foge do controle
O povo inteiro deveria ser transformado numa coletividade homogênea, e aqueles que resistissem seriam classificados de inimigos da sociedade. Um plano de realização impossível, como demonstrariam finalmente os acontecimentos do outono setentrional de 1989. A portas fechadas e empregando o jargão político do partido, o ancião Erich Mielke tentava motivar os seus informantes a manter uma vigilância mais rigorosa, enquanto já ecoava em todas as partes do país o clamor popular pela democracia.
Erich Mielke: "Em seu todo, as informações apresentadas pelos requerentes não são suficientes para encetar medidas necessárias e apropriadas visando o bloqueio preventivo de ações inimigas negativas, em especial de caráter provocativo e demonstrativo".
Poucos dias depois, os manifestantes invadiram a central daquele órgão secreto do poder, encerrando a história que começara no dia 8 de fevereiro de 1950 com a criação da instituição sucessora da Administração Central da Proteção à Economia Popular, segundo especificava o Anexo Nº 41 da Câmara Popular Provisória.

Günter Haase (am) © 2008 Deutsche Welle


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Thursday, February 07, 2008

Le 7 février

2006 - René Préval élu président en Haïti


Deux ans après la fuite du président Jean-Bertrand Aristide, chassé par une insurrection armée, René Préval remporte l'élection présidentielle du 7 février 2006 en Haïti. Candidat du parti Lavalas et proche d'Aristide, il arrive en tête du scrutin avec 48,7% des voix, alors qu'il en faut 50% pour l'emporter au premier tour. Les partisans de René Préval, la majorité pauvre du pays, manifestent pour exiger qu'il soit déclaré vainqueur. Le 16 février, après un recomptage des voix, la commission électorale annonce sa victoire avec 51,15% des voix. La victoire attendue de René Préval, investi le 14 mai, désamorce les tensions politiques et fait espérer plus de stabilité dans un pays ravagé par la violence et la misère.

©Documentation écrite RFI



1938: Começa o julgamento de Martin Niemöller
O pastor Martin Niemöller em seu 85º aniversário


"Ter fé significa seguir Jesus. E a quem afirma que acredita em Jesus Cristo, posso perguntar sobre a sua vida e dizer: você acha que Jesus Cristo aprovaria o que você faz hoje? Que, com isto, você está sendo sucessor de Jesus de Nazaré?"
"O que faria Jesus?", esta foi a pergunta básica na vida do pastor Martin Niemöller e foi esta pergunta que o levou a entrar em conflito com o regime nazista. No início, nada indicava que Martin Niemöller viria a ser um dia o símbolo da resistência protestante. Ele nasceu em 1892, filho de um pastor evangélico de confissão luterana, e foi educado para a fidelidade ao imperador e com sentimento patriótico alemão.
Depois de concluir o curso colegial, ele ingressou na Marinha como soldado de carreira. Mesmo depois de formar-se em Teologia, ele permaneceu fiel à sua ideologia patriótica e conservadora: em 1924, votou no NSDAP, o partido de Hitler. Mas após a subida dos nazistas ao poder, em 1933, Niemöller – então pároco em Berlim-Dahlem – entrou em conflito crescente com o novo governo.

A criação da Igreja Engajada
Mesmo sendo nacionalista e não estando inteiramente livre de preconceitos anti-semitas, Niemöller protestava decididamente contra a aplicação do "parágrafo ariano" na Igreja e a falsificação da doutrina bíblica pelos cristãos alemães de ideologia nazista. Para impedir a segregação de cristãos de origem judaica, ele criou no outono de 1933 a "Liga Pastoral de Emergência", que se transformou em 1934 na "Igreja Engajada". A Igreja Engajada recusava obediência à direção oficial da Igreja, que apoiava o regime nazista.
Em 1934, Niemöller acreditava ainda que poderia discutir com os novos donos do poder. Numa recepção na Chancelaria em Berlim, ele contestou Hitler, que queria eximir a Igreja de toda responsabilidade pelas questões "terrenas" do povo alemão: "Ele me estendeu a mão e eu aproveitei a oportunidade. Segurei a sua mão fortemente e disse: 'Sr. Chanceler, o senhor disse que devemos deixar em suas mãos o povo alemão, mas a responsabilidade pelo nosso povo foi posta na nossa consciência por alguém inteiramente diferente'. Então, ele puxou a sua mão, dirigindo-se ao próximo e não disse mais nenhuma palavra".

Na mira dos nazistas
A partir deste incidente, Niemöller ficou cada vez mais na mira do regime. Observado pela Gestapo, foi proibido de fazer pregações, o que ele não aceitou. Em 1935, foi preso pela primeira vez e logo libertado. Martin Niemöller já era tido nessa época como o mais importante porta-voz da resistência protestante.
No verão europeu de 1937, ele pregava: "E quem, como eu, que não viu nada a seu lado no ofício religioso vespertino de anteontem, a não ser três jovens policiais da Gestapo – três jovens que certamente foram batizados um dia em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e que certamente juraram fidelidade ao seu Salvador na cerimônia de crisma, e agora são enviados para armar ciladas à comunidade de Jesus Cristo –, não esquece facilmente o ultraje à Igreja e deseja clamar 'Senhor, tende piedade' de forma bem profunda".
Em julho de 1937, Niemöller foi preso novamente. Passados cerca de sete meses, no dia 7 de fevereiro de 1938, começou então o seu processo diante do Tribunal Especial II em Berlim-Moabit. Segundo a acusação, Martin Niemöller teria criticado as medidas do governo nas suas pregações "de maneira ameaçadora para a paz pública", teria feito "declarações hostis e provocadoras" sobre alguns ministros do Reich e, com isto, transgredido o "parágrafo do Chanceler" e a "lei da perfídia". A sentença: sete meses de prisão, bem como 2 mil marcos de multa.
Os juízes consideraram a pena como cumprida, em função do longo tempo de prisão preventiva. Niemöller deveria assim ter deixado a sala do tribunal como homem livre. Para Hitler, no entanto, a sentença pareceu muito suave. Ele enviou o pastor como seu "prisioneiro pessoal" para um campo de concentração. Até o fim da guerra, durante mais de sete anos, Martin Niemöller permaneceu preso – inicialmente, no campo de concentração de Sachsenhausen, depois no de Dachau.

Rachel Gessat (am) © 2008 Deutsche Welle

Wednesday, February 06, 2008

Le 6 février

1998 - Assassinat du préfet Claude Erignac en Corse


Le soir du 6 février 1998, le préfet de Corse Claude Erignac est abattu de trois balles en pleine rue à Ajaccio, alors qu'il se rendait à un concert. Le choc est immense dans l'île et en France. L'assassinat est revendiqué par un groupe nationaliste dissident. Identifiés par l'utilisation intensive de téléphones mobiles à Ajaccio le soir du crime, quatre activistes de la région de Cargèse sont arrêtés le 21 mai 1999. Opposés à la dérive affairiste et aux compromis avec l'Etat de la mouvance nationaliste, ils avaient formé un groupe clandestin qui s'attaquera à deux cibles symboliques, une gendarmerie et un préfet. Yvan Colonna, qu'ils désignent comme le tireur, est arrêté en Corse le 4 juillet 2003 après quatre ans de cavale. Le 11 juillet, Alain Ferrandi et Pierre Alessandri sont condamnés à perpétuité, les quatre autres membres du commando à des peines allant de quinze à trente ans de prison. Malgré leurs rétractations, Yvan Colonna est à son tour condamné à perpétuité le 13 décembre 2007.

©Documentation écrite RFI



1998: Cantor Falco morre em acidente
O cantor em foto sem data

Responsável pela divulgação do idioma alemão na música pop, o popstar austríaco morreu na República Dominicana em 6 de fevereiro. Seu maior sucesso, "Rock Me Amadeus", chegou ao topo da parada norte-americana em 1985.
Foi em 1978, na ainda Berlim Ocidental, que o austríaco Hans Hölzer decidiu sair do anonimato e "se lançar na vida pública", como ele mesmo gostava de contar. Nascia assim Falco.
O cantor incorporou como ninguém os anos 1980, uma década de muita oscilação nos rumos da música. As tendências variavam constantemente. Nascido em 1957 em Viena, Falco explorou cada onda para ter sucesso. Somente a um aspecto ele manteve-se fiel: os cabelos sempre cuidadosamente engomados com gel.
Hans Hölzel teve aulas de piano ainda garoto. Seus professores reconheceram logo seu talento. A carreira musical começou como baixista da Drahdiwaberl, uma banda quase anarquista para os padrões austríacos. Em algum momento nesta época, ele tomou emprestado o prenome de um saltador de esquis da então Alemanha Oriental.

Nas paradas
O primeiro sucesso em sua carreira solo veio em 1982, com Der Kommissar, que também conquistou seu espaço nas rádios e nas pistas de dança brasileiras. Neste hit, ele ridicularizava os socialites de sua cidade natal.
A nova onda alemã (Neue Deutsche Welle) catapultou o cantor vienense nas paradas. Em meados dos anos 80, alcançou nos Estados Unidos o maior sucesso de sua vida. Rock Me Amadeus manteve-se durante três semanas no primeiro lugar do Billboard. Nunca uma canção gravada em alemão havia conseguido isto. Claro que para isto colaborou o filme homônimo ao hit, exibido naquela época nos cinemas. De todo modo, Falco havia dado seu alô ao mundo.

Decadência
Enquanto brilhava nos Estados Unidos, o austríaco ganhava as manchetes em seu país por outras razões. A imprensa acusava o cantor excêntrico de consumo excessivo de álcool e drogas. E Falco também era sempre visto com novas mulheres. Após a morte do popstar, o semanário Die Zeit resumiu:
"O nível caiu, o teor alcoólico subiu. Como artista, Falco já havia acabado, mas como personalidade austríaca ainda poderia sobreviver por décadas na mídia".

Boicote lucrativo
Jeanny foi o último grande sucesso do cantor. A canção de letra confusa trata, aparentemente, do estupro de uma menina escolar, o que gerou uma discussão violenta na opinião pública. Jeanny entrou na lista negra dos fiscais dos bons costumes e foi boicotada por numerosas emissoras de rádio.
Isto tudo não prejudicou as finanças do provocador – talvez tenha até colaborado. Jeanny tornou-se o single mais vendido de 1996, com mais de 2,5 milhões de exemplares comercializados.
Falco ainda tentou um comeback várias vezes. A repercussão de seu trabalho não era mais a mesma. Parecia uma versão deteriorada dos bons tempos.

O fim
Para dedicar-se ao álbum Out of the Dark, o multimilionário mudou-se para o Caribe. Falco não viu, porém, o lançamento do CD. Segundo a polícia, às 16h30 de 6 de fevereiro de 1998, o Jeep do cantor foi atingido por um ônibus em alta velocidade, quando tentava entrar na pista da estrada que liga Susua a Puerto Plata, no norte da República Dominicana, onde estão localizados diversos complexos hoteleiros para turistas alemães.
Imediatamente surgiram várias especulações sobre as razões do acidente. Insinuou-se que a vítima estaria alcoolizada, drogada, ou teria até mesmo praticado suicídio. Exames mostraram que, no momento da morte, Falco tinha 1,5 miligrama de álcool por mililitro de sangue (na Alemanha, o tolerado ao volante é 0,5mg/ml), assim como indícios de cocaína ou maconha.

Oliver Ramme (mw) © 2008 Deutsche Welle

Tuesday, February 05, 2008

Le 5 février

1936: "Tempos Modernos" chega às telas

Em 5 de fevereiro de 1936, Charlie Chaplin lançou "Tempos Modernos" em pré-estréia nos EUA. Chaplin dirigiu o filme e interpretou o papel principal. Na Alemanha e na Itália, o filme "de tendência comunista" foi proibido.
Na comédia Tempos Modernos, o autor, diretor e ator Charles Spencer Chaplin parodiava as facetas nefastas da crise econômica mundial e da nova fase da industrialização. Gente lutando contra máquinas, a exploração, a necessidade extrema. No centro da história, alguém tenta sobreviver aos difíceis tempos: um vagabundo, com chapéu-coco, bigode, sapatos enormes e bengala.
Devido a seus filmes de humor sofisticado, Charlie Chaplin pode ser considerado ainda hoje o comediante mais famoso de todos os tempos do cinema. Ele negava, porém, a imagem que faziam dele em função de seu trabalho.
"As pessoas dizem que sou uma pessoa alegre. Não sou de jeito algum. Sou um homem bem sério. Com freqüência não sei como devo expressar alguma coisa. Por isso meus filmes são sempre tão longos. E o mais difícil é dar-lhes a aparência de simples."

Marco cinematográfico

Chaplin precisou de quatro anos para concluir Tempos Modernos. O filme tornou-se um momento de ruptura em sua carreira. Pela última vez, o artista levava para as telas seu legendário vagabundo. E este entrou para a história do cinema como seu derradeiro filme mudo.
Há tempos as películas haviam ganhado falas. Mesmo assim, Chaplin confiou mais uma vez em sua muda arte da pantomima, restringindo a sonorização à música e efeitos sonoros. Somente um personagem podia falar: o dono da fábrica, que vigiava seus operários através de uma gigantesca parede de projeção.
"Pavilhão Número 5 está trabalhando muito devagar! Dobrem a velocidade! Capataz, os parafusos estão frouxos demais. Verifique o que está acontecendo! Ei, aqui não é lugar de se fumar, mas para trabalhar!", ditava ordens o patrão, interpretado por Alan Garcia.

Cenas inesquecíveis
O pequeno vagabundo, auxiliar na linha de montagem, aperta os parafusos muito devagar. De repente, fica preso numa peça na esteira rolante e é arrastado para dentro de uma enorme engrenagem da máquina. Mais uma cena de Chaplin que entrou para a história do cinema. Tempos Modernos é antes uma seqüência de cenas engraçadas isoladas do que grande roteiro dramático.
"Bom dia, meus senhores e minhas senhoras, aqui fala o vendedor automático. Eu tenho a honra de apresentar-lhes o Sr. John Billows, inventor da máquina automática de alimentação. O aparelho é uma invenção genial para se comer automaticamente. Os senhores economizam o intervalo do almoço e dão um golpe na concorrência", anuncia a nova máquina.
Mas golpe mesmo sofre apenas o pequeno vagabundo. Testada tendo justamente ele como cobaia, a máquina de dar de comer sai fora do controle, dá um banho de sopa nele, alimenta-o com parafusos e o surra com o mecanismo que deveria limpar sua boca. O público na pré-estréia, em 5 de fevereiro de 1936, no cinema Rivoli de Nova York, fica deslumbrado.
A música de Tempos Modernos também deve-se às idéias de Chaplin. Sua voz igualmente pode ser ouvida no filme. Num restaurante, o pequeno vagabundo deve entreter os fregueses com uma canção. No momento decisivo, ele esquece a letra, canta algo absurdo, improvisado, misturando idiomas, e vai de novo para a rua. Mais um trabalho sem sucesso.
Mensagem política ou pura diversão?
"Eu acho que passar mensagens é muito problemático. Elas podem ser indignas. Podem até mesmo serem ridículas. Não acredito em mensagens", comentou certa vez ao falar de Tempos Modernos.
Chaplin não via seu último filme mudo como uma sátira política, mas como entretenimento. Mesmo assim, o governo americano sentiu-se incomodado, assim como os governos nazista da Alemanha e fascista da Itália, que proibiram a exibição da película. Após novos filmes e anos de atritos com o governo dos EUA, o artista britânico deixou o país que escolhera para viver, retornando à Europa.
Somente décadas depois Hollywood reconheceria o mérito das obras do criador do vagabundo. Em 1971, Chaplin, já com 83 anos, recebeu um Oscar por sua "incalculável contribuição ao cinema".

Catrin Möderler (mw) © 2008 Deutsche Welle