Le 31 octobre
1957: Primeira reação nuclear em cadeia na Alemanha
O 'ovo atômico' (dir.) marcou o início da pesquisa nuclear em Garching
O 'ovo atômico' (dir.) marcou o início da pesquisa nuclear em Garching
No dia 30 de outubro de 1957, às três horas da madrugada, dois técnicos norte-americanos colocaram em funcionamento o primeiro reator nuclear da Alemanha, em Garching, perto de Munique.
No início dos anos 50 do século passado, a energia atômica era tida como o começo de uma nova era, o urânio era um símbolo para a energia inesgotável e a libertação das pessoas do trabalho pesado. Hoje, causa admiração a forma ingênua e o entusiasmo com que, naquela época, os reatores atômicos foram planejados, construídos e receberam alvará de funcionamento.
Somente na Alemanha Ocidental o entusiasmo mundial pela energia nuclear não trouxe resultados imediatos, pois o país ainda vivia sob o regime das restrições impostas pelos Aliados ao setor da pesquisa, em especial da pesquisa atômica. Somente em 1955 é que tais obstáculos foram removidos, através dos Tratados de Paris.
Isto ocorreu exatamente a tempo para que uma delegação alemã ocidental pudesse ser enviada à primeira conferência das Nações Unidas sobre o aproveitamento pacífico da energia nuclear, em Genebra. Nessa conferência, os Estados Unidos surpreenderam o mundo com uma promessa: todo país industrializado que construísse um reator atômico receberia do governo americano uma subvenção da ordem de 350 mil dólares.
Somente na Alemanha Ocidental o entusiasmo mundial pela energia nuclear não trouxe resultados imediatos, pois o país ainda vivia sob o regime das restrições impostas pelos Aliados ao setor da pesquisa, em especial da pesquisa atômica. Somente em 1955 é que tais obstáculos foram removidos, através dos Tratados de Paris.
Isto ocorreu exatamente a tempo para que uma delegação alemã ocidental pudesse ser enviada à primeira conferência das Nações Unidas sobre o aproveitamento pacífico da energia nuclear, em Genebra. Nessa conferência, os Estados Unidos surpreenderam o mundo com uma promessa: todo país industrializado que construísse um reator atômico receberia do governo americano uma subvenção da ordem de 350 mil dólares.
Atraso tecnológico
Para os cientistas e os jornalistas que acompanharam a conferência, ficou claro o atraso técnico-científico da Alemanha Ocidental nos setores da física e da técnica nucleares. Nas semanas seguintes, foi desencadeada uma verdadeira campanha junto à opinião pública em prol do setor atômico e da energia nuclear. Finalmente, o chanceler federal Konrad Adenauer reagiu ao debate, criando o Ministério da Energia Atômica: o primeiro titular da pasta foi Franz-Josef Strauss.
Muitas das decisões básicas do setor são da sua lavra. Strauss não desejava um órgão estatal regulador da energia atômica, segundo o modelo americano e britânico. Por essa razão, todas as prerrogativas de concessão e de controle foram atribuídas aos governos estaduais; a pesquisa nuclear foi integrada às universidades e o desenvolvimento da técnica nuclear deveria ocorrer no âmbito das empresas, a fim de que a indústria alemã adquirisse rapidamente uma competência no setor.
Através da descentralização da pesquisa atômica, as cidades e respectivas universidades entraram em disputa aberta pela construção de reatores de pesquisa. Esforços especialmente intensos foram feitos pelo físico Werner Heisenberg, bem como pelo prefeito da cidade de Karlsruhe.
Heisenberg era ainda professor em Göttingen, mas desejava transferir-se para Munique e propôs a Adenauer a construção de um Centro de Pesquisa de Irradiação Nuclear na capital bávara. Para Konrad Adenauer, no entanto, a localização proposta era estrategicamente perigosa, por ser muito próxima à fronteira com o "bloco soviético": o centro de pesquisa acabou sendo construído em Karlsruhe.
Heisenberg ficou magoado, mas o governo estadual bávaro o consolou com um presente especial: no verão setentrional de 1956, foi autorizada a construção de um reator de pesquisa em Garching, nos subúrbios de Munique, bem como a constituição de um instituto de pesquisas responsável pelo seu funcionamento. A subvenção do governo americano ajudou no financiamento das instalações.
Muitas das decisões básicas do setor são da sua lavra. Strauss não desejava um órgão estatal regulador da energia atômica, segundo o modelo americano e britânico. Por essa razão, todas as prerrogativas de concessão e de controle foram atribuídas aos governos estaduais; a pesquisa nuclear foi integrada às universidades e o desenvolvimento da técnica nuclear deveria ocorrer no âmbito das empresas, a fim de que a indústria alemã adquirisse rapidamente uma competência no setor.
Através da descentralização da pesquisa atômica, as cidades e respectivas universidades entraram em disputa aberta pela construção de reatores de pesquisa. Esforços especialmente intensos foram feitos pelo físico Werner Heisenberg, bem como pelo prefeito da cidade de Karlsruhe.
Heisenberg era ainda professor em Göttingen, mas desejava transferir-se para Munique e propôs a Adenauer a construção de um Centro de Pesquisa de Irradiação Nuclear na capital bávara. Para Konrad Adenauer, no entanto, a localização proposta era estrategicamente perigosa, por ser muito próxima à fronteira com o "bloco soviético": o centro de pesquisa acabou sendo construído em Karlsruhe.
Heisenberg ficou magoado, mas o governo estadual bávaro o consolou com um presente especial: no verão setentrional de 1956, foi autorizada a construção de um reator de pesquisa em Garching, nos subúrbios de Munique, bem como a constituição de um instituto de pesquisas responsável pelo seu funcionamento. A subvenção do governo americano ajudou no financiamento das instalações.
Tempo recorde
O resto transcorreu de forma bastante rápida: uma semana depois da resolução do governo bávaro, o diretor da Comissão Atômica da Baviera viajou para Nova York e encomendou um reator nuclear. O terreno em Garching foi preparado em tempo recorde para a construção do prédio do Reator de Pesquisa de Munique (sigla alemã FRM). O formato oval da cúpula do reator acabou rendendo ao FRM um apelido popular: o "ovo atômico de Garching".
No dia 31 de outubro de 1957, veio então o momento histórico: o reator entrou em funcionamento. Os instrumentos de medição acusaram o processo e do tanque de água do reator emergiu uma luz azulada: tivera início a primeira reação nuclear em cadeia produzida em solo alemão.
O "ovo atômico" tornou-se o ponto de partida de um desenvolvimento que transformou o povoado rural de Garching, em pouco tempo, num centro de tecnologia avançada. Naquele reator, foram realizadas as mais diversas experiências, desde complicados experimentos de física nuclear até exame dos efeitos da irradiação sobre materiais e seres vivos.
O reator foi utilizado até os anos 90, quando seu desempenho foi considerado muito fraco para os experimentos mais modernos. Na sua vizinhança imediata foi construída uma nova instalação, o FRM-II. Mas, ao contrário do "ovo atômico", o seu sucessor teve de vencer diversos processos judiciais, antes que pudesse ser construído: o principal argumento contrário a ele foi o fato de ser alimentado com urânio altamente enriquecido, que serve também de matéria-prima para a construção de armas nucleares.
Carsten Heinisch (am) © 2007 Deutsche Welle
No dia 31 de outubro de 1957, veio então o momento histórico: o reator entrou em funcionamento. Os instrumentos de medição acusaram o processo e do tanque de água do reator emergiu uma luz azulada: tivera início a primeira reação nuclear em cadeia produzida em solo alemão.
O "ovo atômico" tornou-se o ponto de partida de um desenvolvimento que transformou o povoado rural de Garching, em pouco tempo, num centro de tecnologia avançada. Naquele reator, foram realizadas as mais diversas experiências, desde complicados experimentos de física nuclear até exame dos efeitos da irradiação sobre materiais e seres vivos.
O reator foi utilizado até os anos 90, quando seu desempenho foi considerado muito fraco para os experimentos mais modernos. Na sua vizinhança imediata foi construída uma nova instalação, o FRM-II. Mas, ao contrário do "ovo atômico", o seu sucessor teve de vencer diversos processos judiciais, antes que pudesse ser construído: o principal argumento contrário a ele foi o fato de ser alimentado com urânio altamente enriquecido, que serve também de matéria-prima para a construção de armas nucleares.
Carsten Heinisch (am) © 2007 Deutsche Welle
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