Efemérides

Wednesday, July 18, 2007

1870: Papa infalível
Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Infalibilidade só se aplica a questões da fé católica
No dia 18 de julho de 1870, a Igreja Católica adotou o dogma da infalibilidade dos papas.

De acordo com a doutrina da Igreja Católica, o papa não é um ser humano perfeito, mas é infalível quando se pronuncia a respeito de temas concernentes à fé. Ou seja, quando o bispo de Roma fala ou decide oficialmente como pastor de todos os cristãos, em nome da Igreja, ele supostamente não erra. Nessa condição, "ele possui a infalibilidade para decisões definitivas no campo da fé e da ética", diz a doutrina.

O dogma da infalibilidade foi instituído pelo Concílio Vaticano I (1869-70), convocado por Pio IX. O documento "Pastor Aeternus", aprovado a 18 de julho de 1870, estabeleceu a primazia do papa sobre toda a Igreja e definiu sua infalibilidade na doutrina da fé. Na opinião de críticos, trata-se de uma tese controvertida, baseada mais nas ambições políticas de Pio IX do que em fundamentos bíblicos.

O documento conciliar até admite opiniões divergentes no interior da Igreja quanto a questões seculares. Mas, quando as divergências dizem respeito a princípios básicos da fé e da moral, o papa é a instância máxima e, neste caso, vigora o dogma da infalibilidade. As decisões políticas e conclusões científicas não estão sujeitas a essa regra.

Excomunhão para questionadores

A decisão do Concílio Vaticano I transformou o papa, por decreto, em sucessor de Pedro, como primeiro entre os discípulos. O Novo Testamento atribui a Simão Pedro uma posição de destaque entre os apóstolos. Sua sucessão, porém, não é descrita no texto. Ela é resultado da tradição católica.

O Concílio Vaticano I inclusive aprovou a aplicação de sanções contra cristãos que não respeitassem o novo dogma. Até hoje, o católico que se nega a reconhecer o primado de São Pedro sobre os apóstolos e a Igreja é ameaçado de excomunhão. A introdução do dogma da infalibilidade do papa levou muitos católicos a abandonar a Igreja.

O principal adversário e líder da oposição a essa doutrina foi o teólogo alemão Ignaz von Döllinger (1799-1890), que não via fundamento bíblico nem histórico para a infalibilidade do papa. Döllinger não teve muito tempo para propagar suas críticas no interior da igreja: em 1871, foi excomungado publicamente.

O dogma aprovado em 1870 voltou a ser muito discutido no meio religioso e acadêmico em 1998, com a publicação da encíclica "Fé e Razão".

Segundo o filósofo Eduardo Giannetti, essa encíclica só confirma "a incapacidade crônica do Vaticano de demonstrar um mínimo de reconhecimento e adesão às normas elementares da ética do pensar em seus pronunciamentos sobre o mundo e as escolhas humanas. A expressão mais cabal dessa realidade é o espantoso dogma da infalibilidade papal".

"Essa doutrina", continua o filósofo, "estabelece que a palavra do papa é uma verdade última e, portanto, imune a qualquer tipo de debate racional. Desde a sua promulgação, poucos papas se serviram dessa prerrogativa absurda com tanta freqüência e liberalidade quanto o papa João Paulo 2º".



Barbara Fischer (gh)|© 2007 Deutsche Welle

0 Comments:

Post a Comment

<< Home