Efemérides

Saturday, April 14, 2007

1865: Abraham Lincoln assassinado

Interpretação artística da cena do assassinato de Lincoln

Às 22:15 horas de 14 de abril de 1865, no Teatro Ford, pouco antes do último ato da peça Our American Cousin ("Nosso primo americano") a porta do camarote onde estavam o presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln, e sua esposa, abriu-se de repente e Lincoln foi baleado na nuca pelo ex-ator John Wilkes Booth. Assim foi assassinado o 16º presidente dos EUA, que impediu a divisão do país em norte e sul e entrou para a história como abolicionista.
Cinco dias antes, a 9 de abril, o general dos estados do sul, Robert Lee, havia admitido a sua derrota. Um público entusiástico presenciou, nas escadarias da Casa Branca, em Washington, o anúncio do fim da guerra civil. Ao ouvir as palavras do presidente, principalmente a promessa de conceder o direito ao voto aos ex-escravos, o ex-ator John Wilkes Booth – um sulista fanático – tomou a decisão de assassinar Lincoln.
Em meio à guerra civil, no verão de 1864, Booth já havia tentado, sem sucesso, seqüestrar o odiado presidente e usá-lo como refém para exigir a libertação de prisioneiros de guerra dos confederados. Diante da derrota dos estados do sul, ele abandonou a idéia do seqüestro e passou a planejar o assassinato.
Foi o primeiro de uma série de atentados contra os presidentes dos EUA. Lincoln faleceu na manhã de 15 de abril, deixando como herança de governo um país que procurava se reconciliar, após quatro anos de sangrenta guerra civil.


Biografia
Abraham Lincoln nasceu em Hodgenville, Kentucky, em 12 de fevereiro de 1809. Filho de lavradores, teve de interromper várias vezes sua formação escolar para trabalhar, seja na roça, numa serraria ou em barcos dos rios Ohio e Mississipi. Em 1836, formou-se em direito e passou a exercer a advocacia. No ano seguinte, mudou-se para Springfield, Illinois, à procura de melhores oportunidades profissionais.
Filiado ao partido Whig (que deu origem ao partido Republicano), elegeu-se quatro vezes para a assembléia estadual, entre 1834 e 1840. No início de sua carreira política, era um abolicionista reservado. Embora considerasse a escravatura uma injustiça social, temia que a abolição dificultasse a administração do país. Entre 1847 e 1849, foi representante de Illinois no Congresso, onde propôs a emancipação gradativa dos escravos, desagradando tanto os abolicionistas quanto os escravistas. Opôs-se à guerra no México, o que lhe custou a reeleição.
Depois de cinco anos afastado da política, candidatou-se ao Senado, em 1858. Foi derrotado pelo democrata Stephen Douglas, mas tornou-se líder dos republicanos, sendo eleito presidente dos EUA em 1860. Ao iniciar seu governo, em 4 de março de 1861, Lincoln teve de enfrentar o separatismo de sete estados escravocratas do sul, que formaram os Estados Confederados da América.
O presidente foi firme e prudente: não reconheceu a secessão, ratificou a soberania nacional sobre os estados rebeldes e conclamou-os à conciliação, assegurando-lhes que nunca partiria dele a iniciativa da guerra.
Os confederados, porém, tomaram o Forte Sumter, na Virgínia Ocidental, a 12 de abril de 1861, desencadeando um conflito que só terminou em 1865, com a vitória do norte e um saldo de 618 mil mortos em batalhas e vítimas de epidemias.

Histórica batalha de Gettysburg
Lincoln encontrara o governo sem recursos, sem forças armadas e com uma opinião pública pouco favorável. Armou rapidamente um exército para enfrentar os confederados que, apoiados por 11 estados sublevados, chegaram à Pensilvânia e ameaçaram Washington. A 3 de julho de 1863, travou-se a histórica batalha de Gettysburg, vencida pelos unionistas do norte.
Alguns meses depois, ao inaugurar o cemitério nacional de Gettysburg, Lincoln pronunciou o célebre discurso em que definiu o significado democrático do governo do povo e para o povo, que alcançou repercussão mundial. Reeleito presidente em 1864, anunciou um programa de educação dos escravos libertados e a concessão imediata do direito de voto a determinados negros.
Cedeu também à exigência dos radicais que pediram uma ocupação militar provisória de alguns estados do sul, para implantar uma política de reforma agrária. Seu grande mérito, no entanto, foi ter mantido a unidade do país.

Jens Teschke (gh) © 2007 Deutsche Welle

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