Efemérides

Tuesday, April 10, 2007

1993: Assassinado Chris Hani

No dia 10 de abril de 1993, um dos principais líderes do movimento negro da África do Sul, Chris Hani, tombou vítima de dois tiros, diante da própria residência. O que seus assassinos não previram é que essa morte acabaria por acelerar o fim do apartheid.

Chris Hani foi provavelmente um dos poucos guerrilheiros da história com um fraco por Shakespeare. O líder do Partido Comunista da África do Sul, segundo homem mais importante do movimento de libertação negra, depois de Nelson Mandela, era uma figura controversa.

Ao mesmo tempo que lançou bombas contra diversas delegacias de polícia, ele era também conhecido como um intelectual carismático, que promovia em livrarias apaixonantes discussões sobre o futuro da África, falava latim e adorava Hamlet.

"Lança da Nação"
Denominado "a lança da nação", por ter comandado o exército de dez mil homens do Congresso Nacional Africano (ANC), ele era admirado pela população jovem. Afinal, ao contrário dos outros funcionários do ANC, não vivia em Londres, mas organizava a luta armada pela libertação a partir de Zâmbia.

Sempre de uniforme militar de camuflagem e cercado por guarda-costas com pistolas automáticas, Hani contagiava com seus discursos durante as manifestações anti-apartheid. No início de 1993, contudo, ele transformou-se de chefe de guerrilha em príncipe da paz, adotando uma atitude conciliatória. Foi isso que possivelmente o colocou na mira de um complô de assassinato.

Atentado em frente à casa
Em 10 de abril de 1993, um homem branco postou-se diante da casa de Hani, que se encontrava na entrada da garagem. Dois tiros à queima-roupa, e o líder sul-africano, que já sobrevivera a vários atentados, tombou morto.

De uma hora para a outra, a África do Sul chegou à beira da guerra civil. Dez dias depois, o número de vítimas fatais já chegava a 50. Cidades foram saqueadas, residências de brancos invadidas. Até mesmo os repórteres correspondentes temiam ser atingidos pela onda de revanche.

O enterro de Chris Hani teve algo de espetacular: seu corpo foi velado no estádio de futebol de Soweto. Seguindo a um ritual de luto africano, dezenas de milhares desfilaram durante horas a fio diante do caixão aberto, para despedir-se do herói nacional. E enquanto, do lado de dentro, o ambiente era de contrição e de serena tristeza, em volta do estádio casas ardiam em chamas, multiplicando o número dos mortos e feridos.

Outros jurados de morte
Graças a uma testemunha específica, o assassino foi rapidamente preso. O exilado polonês Janus Walusz confessou haver atirado por ordens de Clive Derby-Lewis, ex-deputado do Partido Conservador. Na residência de Walusz foi encontrada uma lista, elaborada pela própria esposa de Lewis, contendo nomes de políticos e jornalistas a serem assassinados também.

O casal, associado aos meios racistas, esperava, com esta série de atentados, sabotar o processo de democratização. O que acabou ocorrendo foi o contrário, no entanto: a morte de Hani deu impulso aos moderadas de ambos os lados, permitindo uma transição pacífica na África do Sul.



Patrick Schmelzer (av) |© 2007 Deutsche Welle

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