Efemérides

Saturday, September 08, 2007

1917: Apresentado o projeto da Lei Seca nos EUA

Batida policial em Detroit procura produção clandestina de álcool


No dia 8 de setembro de 1917, foi apresentado o projeto da 18ª emenda constitucional à Câmara dos Representantes nos EUA: a completa proibição das bebidas alcoólicas. Dois anos depois, entrou em vigor a Lei Seca.
Com o projeto apresentado no dia 8 de setembro de 1917 à Câmara norte-americana dos Representantes, e que só entraria em vigor dois anos depois, começou uma nova era na história dos Estados Unidos, caracterizada pela proibição das bebidas alcoólicas. A lei que vigorou no país por quase 14 anos condenava a fabricação, venda, transporte, importação e exportação de bebidas alcoólicas em toda a área dos Estados Unidos e dos territórios judicialmente submetidos a eles".
Implantada com o propósito de proteger os cidadãos dos perigos gerados pelo consumo do álcool, a chamada Lei Seca acabou por provocar a disseminação de um mal ainda mais perigoso: o crime organizado. Bebidas alcoólicas passaram a ser traficadas em grande escala. De Nova York e Chicago, bandos rivais de criminosos controlavam cadeias de destilarias e bares no país. A prostituição acompanhava com freqüência o consumo ilegal do álcool.
Pode-se dizer que um grupo de mulheres foi o responsável pela introdução da Lei Seca nos Estados Unidos. Já em 1874, as participantes da conservadora União Feminina de Temperança Cristã invadiam bares e restaurantes do país como guerrilheiras carregando a bandeira da proibição do álcool. Com machados e porretes em punho, elas destruíam todo líquido que viam engarrafado.

Produtores rurais e Igrejas puritanas
Brevemente essas mulheres encontrariam o apoio dos homens às suas idéias através da Liga Antibares, formada por produtores rurais conservadores, liderados pelas Igrejas puritanas. No final do século 19, a Associação Republicana dos Abstinentes já havia conseguido implantar leis antiálcool em alguns Estados norte-americanos.
Apesar de todas as proibições, a vontade de consumir bebidas alcóolicas não foi banida do território norte-americano, mas apenas levada à ilegalidade. A partir da entrada em vigor da Lei Seca, passou a morrer uma pessoa por dia na guerra das quadrilhas controladoras do tráfico. A indústria de bebidas clandestinas proliferou por todo o país.
A eclosão da Primeira Guerra Mundial colocou, no entanto, o argumento decisivo na boca dos inimigos do álcool. Segundo eles, cereais, levedo, malte a açúcar seriam alimentos básicos e não poderiam ser desperdiçados na fabricação de bebidas alcóolicas em tempos de guerra. Cerveja e vinho seriam, além disso, produtos típicos da Alemanha inimiga. Seu consumo, logo, um ato pouco patriótico.

Elite universitária e contrabando
Entre as várias maneiras encontradas pelos cidadãos para burlar a proibição ao consumo do álcool, destaca-se a reação dos estudantes da aristocrática Universidade de Yale, que trataram de fazer com que gangsters importassem para eles um estoque de uísque escocês para os 14 anos seguintes.
Conhecidos como bootlegger (cano da bota, numa referência à maneira como os pioneiros haviam um dia traficado álcool para os índios), os contrabandistas ampliavam cada vez mais os seus negócios. O grande chefão, Alfonso "Al" Capone, entraria para a história como um dos maiores criminosos de todos os tempos. No entanto, não foi possível à Justiça norte-americana provar nenhum dos seus atos. Al Capone, que se auto-intitulava "vendedor de móveis antigos", foi processado uma única vez – por sonegação de impostos.
Em dezembro de 1933, o presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt reconheceu a insensatez da proibição de bebidas alcóolicas no país. A medida que seu antecessor Herbert Hoover havia chamado de uma "grande experiência social e econômica", foi abolida por Roosevelt a 5 de dezembro de 1933, levando boa parte do crime organizado à falência.

Catrin Möderler (sv) © 2007 Deutsche Welle

0 Comments:

Post a Comment

<< Home