1960: Nomeada primeira chefe de governo no mundo
Bandaranaike venceu as eleições no então Ceilão em 1960
No dia 21 de julho de 1960, pela primeira vez na história, uma mulher foi nomeada chefe de um governo, através de uma eleição livre. Com 44 anos de idade, Sirimavo Bandaranaike ocupou o cargo de premiê do Ceilão, atual Sri Lanka, com um mandato de cinco anos.
O Sri Lanka é uma das mais belas ilhas do Oceano Índico e o maior produtor mundial de chá. Seu nome significa "ilha resplandecente". A natureza abençoou este pequeno país com todos os atributos de um paraíso tropical. No entanto, os seus habitantes vivem bem longe da paz paradisíaca, pois desde 1956 os grupos étnicos dos cingaleses e dos tâmeis vêm travando uma sangrenta guerra civil.
Assim, política é uma profissão de risco no Sri Lanka. E Sirimavo Bandaranaike sabia disto por experiência própria: em 26 de setembro de 1959, seu marido, o então primeiro-ministro Solomon Bandaranaike, fora assassinado a tiros diante de seus olhos. Este atentado praticado por um monge budista modificou radicalmente a vida da filha de latifundiário: Sirimavo assumiu a liderança do Partido Liberal e candidatou-se para a sucessão do marido.
Em pouco tempo, ficou conhecida mundialmente como a "viúva chorosa", devido a seus assomos de emoção e lágrimas. Sirimavo contava 44 anos, havia sido educada em colégio de freiras, na melhor tradição da etiqueta colonial britânica, e meticulosamente treinada para o papel de esposa modelo. Porém, apesar da total inexperiência política, ela tinha, segundo uma nota biográfica, uma meta clara: "Demonstrar ao mundo que a mulher é melhor governante do que o homem".
Postura autoritária e prepotente
Ela venceu as eleições de 1960, em coligação com os partidos marxista-comunistas, tornando-se a primeira mulher do mundo à frente do governo de um país. Porém, contrariando as expectativas, Bandaranaike não adotou o curso da reconciliação e aplainamento das injustiças, mas sim impôs um tom polarizador e uma postura autoritária e prepotente.
Durante os cinco anos seguintes, manobrou os destinos do Sri Lanka em direção do socialismo, numa política de contradições: a estatização rigorosa lado a lado com velhas estruturas de apadrinhamento e favoritismo. Dificuldades econômicas crescentes e as críticas a seu estilo antidemocrático de governo levaram à deposição de Sirimavo em 1965.
Mas, em 1970, ela conseguiu reeleger-se, encabeçando o governo cingalês durante mais sete anos, além de assumir os ministérios das Relações Exteriores e da Defesa. Tamanho acúmulo de poder acabou por precipitar sua queda.
Em 1980, uma comissão especial de três juízes condenou Bandaranaike por abuso de poder, cassando-lhe os direitos civis. Após sua reabilitação, ela retornou à política, continuando a geri-la como se fosse um negócio de família. Em 1995, sua filha Chandrika Kumaratunga assumiu a presidência do Sri Lanka, tendo sido reeleita em 1999. Sirimavo faleceu aos 84 anos de idade em 10 de outubro de 2000, após ter ocupado o cargo de primeiro-ministra do Sri Lanka por três vezes.
Rüdiger Siebert (av) © 2007 Deutsche Welle
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