Efemérides

Sunday, November 18, 2007

Le 18 novembre
1919: Lenda da punhalada fomenta nazismo
Paul von Hindenburg semeou a lenda

No dia 18 de novembro de 1919, o marechal Paul von Hindenburg falou pela primeira vez da teoria do "punhal pelas costas" diante de uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembléia Nacional de Weimar.
A CPI ocupava-se com a questão da culpa pela Primeira Guerra, encerrada um ano antes, e o presidente da Alemanha, marechal-de-campo Paul von Hindenburg, defendia a teoria de que movimentos revolucionários na Alemanha teriam "apunhalado" o Exército pelas costas – um absurdo largamente aceito pela direita na época.
"Um general inglês disse, com justiça, que o Exército alemão foi apunhalado pelas costas." Esta foi uma das frases usadas por Von Hindenburg ao tentar se eximir, diante do Parlamento, de qualquer culpa pela derrota da Alemanha na Primeira Guerra. Nasceu ali a chamada "lenda da punhalada" que, 15 anos mais tarde, ajudaria os nazistas a tomar o poder.
O estopim do primeiro conflito mundial havia sido o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, por um nacionalista sérvio, a 28 de junho de 1914. Um mês depois, a Áustria declarou guerra à Sérvia. Logo a Alemanha, a Rússia e a Inglaterra entraram no conflito. A invasão da Bélgica pelos alemães, que não tinham outra forma de atingir a França, foi pretexto para a entrada dos ingleses na guerra, que envolveu ainda muitos outros países.
O plano alemão de cercar rapidamente o Exército francês fracassou. Já em outubro de 1914, a guerra na Europa Ocidental passou a ser tática, com pesadas perdas para todos e praticamente sem alteração nas frentes de batalha até 1918.
O abastecimento piorou a tal ponto na Alemanha que 260 mil civis morreram de fome em 1917. O anúncio alemão de contrabloqueio por submarinos provocou a entrada dos Estados Unidos no conflito.
Em março de 1918, a Alemanha ainda forçou a Rússia a assinar um acordo de paz no Leste Europeu; em agosto, praticamente capitulou diante dos aliados na frente ocidental. Segundo anotações de um comandante da região de Flandres, milhares de soldados alemães e divisões inteiras de tanques estavam virando cinza.

Fome tirou entusiasmo pela guerra

Para antecipar-se a uma vitória das tropas aliadas no ocidente, o comandante geral Erich Ludendorff pediu um cessar-fogo imediato. Na Alemanha, a morte de civis famintos no inverno de 1917 quebrara o entusiasmo inicial pela guerra. Naquele ano, operários da indústria de armamentos entraram em greve em protesto contra a fome.
Em julho, os partidos democráticos formaram uma comissão interpartidária e exigiram do governo imperial – sem sucesso – uma "paz de entendimento, sem anexação forçada de territórios".
No início de novembro de 1918, em meio às negociações do cessar-fogo, marinheiros em Kiel impediram a partida da frota da Marinha para um combate e, com essa insubmissão, desencadearam uma reação em cadeia na Alemanha.
Na disputa pelo poder, as forças democráticas, comunistas e nacionalistas derrubaram a monarquia. Os democratas saíram vitoriosos e foram legitimados, mais tarde, pela Assembléia Nacional Constituinte. O antigo regime entregou à comissão interpartidária o governo e o pesado fardo de aceitar um acordo de paz prejudicial, do ponto de vista da Alemanha.
Todos esses acontecimentos internos, que causaram a derrocada do antigo regime e o nascimento da democracia, serviram ao Comando Superior das Forças Armadas para desviar a atenção da própria culpa pela guerra.
O argumento de Von Hindenburg de que as forças revolucionárias teriam desmoralizado e apunhalado o Exército pelas costas, foi propagado por militares e políticos monarquistas, através de jornais conservadores e de extrema direita, e ganhou um teor explosivo subestimado pelos democratas.
A população, inicialmente castigada pelas reparações de guerra pagas pela Alemanha, sofreu as conseqüências do desemprego e da inflação, sem ter um esclarecimento amplo dos verdadeiros motivos da guerra. Os nazistas aproveitaram essas circunstâncias para difamar a democracia e chegar ao poder com promessas de salvação.

Henrike Scheidsbach (gh) © 2007 Deutsche Welle

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